Texto sobre a cultura

A Cultura

O ser humano sabe que, está inserido numa sociedade, mas desconhece ou desvaloriza o factor chave que é responsável pela edificação e estabilização dessa sociedade – a cultura.

A cultura pode ser definida como a herança social composta por condutas, ideias, costumes, sentimentos, atitudes, tradições, que são comuns a uma sociedade e que é transmitida à geração seguinte. Esta herança social vai sendo adquirida pelo Homem, como membro de uma sociedade, ao longo do tempo, desde o seu nascimento até à sua morte.

A sociedade refere-se a um conjunto de pessoas que interagem uns com os outros e que partilham hábitos, gostos, interesses e costumes, constituindo uma comunidade.

O Homem é, por excelência, um ser social, ou seja, apresenta, desde que nasce, uma predisposição genética para se relacionar no interior de uma sociedade, o que lhe permite desenvolver-se como ser humano. Este processo de socialização ou de integração num grupo/comunidade requer a interiorização das atitudes e modos de agir, isto é, os padrões culturais que são característicos de uma comunidade. Assim, o homem é também um ser cultural: o que ele pensa, escreve, diz e faz é cultura. Apesar da “cultura” se distinguir conceptualmente da “sociedade”, os dois conceitos apresentam ligações muito estreitas. Nenhuma cultura pode existir sem sociedade e nenhuma sociedade pode existir sem a cultura, pois o sistema de interdependências entre os indivíduos que caracterizam a sociedade não é possível sem o cumprimento de determinadas normas que, no seu conjunto, assumem-se como o modelo que deve ser seguido dentro de determinada comunidade. Esta aceitação dos padrões de comportamento em que estamos inseridos é muito importante para nos sentirmos bem e sermos aceites pelos outros na sociedade. De facto, ninguém nega que cada um de nós tem o direito a individualizar os seus comportamentos, mas na maior parte dos casos, esses comportamentos nunca se desviam muito do que os outros esperam de nós. É ao agir normalmente, que conseguimos estar à vontade com as outras pessoas, sentirmo-nos normais, e simultaneamente, prever os seus hábitos, gostos, etc, o que se reflecte num relacionamento gratificante.

A socialização processa-se de forma inconsciente, o que explica o facto de nós desvalorizarmos o impacto que a cultura tem no nosso modo de pensar, sentir e agir.

O homem só se apercebe da importância dos padrões culturais para a sua vida, quando passa por situações, em que tem de conviver com pessoas de outra cultura.

Devemos ter consciência que não existe uma, mas várias culturas que por sua vez, se regem por diferentes padrões. Por exemplo, enquanto que o chinês para se alimentar usa pauzinhos, o europeu serve-se de talheres. O choque de culturas é sempre algo marcante para o ser humano pois, inicialmente desconhece como agir, já que ainda não procedeu a interiorização das normas, hábitos e costumes que não os seus. Ao interagir com pessoas de uma outra cultura, existe uma forte tendência no ser humano para avaliar essa cultura de forma preconceituosa, ou seja, vê o mundo através da sua cultura, considerando as restantes inferiores, pouco correctas, imorais. Esta tendência, designada por etnocentrismo é totalmente errada pois, não existem culturas superiores e inferiores, apenas culturas diferentes e, por isso, devemos tentar contornar essa tendência, de modo a evitar a discriminação e o conflito. Neste âmbito, é muito importante que cada cultura seja permeável a um outro fenómeno – a aculturação – que consiste na assimilação de elementos culturais de outras culturas. Este fenómeno é muito discutível, pois, se, por um lado, permite, que haja uma espécie de simbiose entre duas culturas, formando uma nova que permite um relacionamento estável entre os povos, por outro, determinados grupos, sentem-se invadidos por uma excessiva aculturação que, é motivada pela globalização, realidade indiscutível no mundo actual. O receio de que a sua cultura seja exterminada, em prol da outra é um factor que estimula muito os conflitos étnicos. Por exemplo, a entrada de imigrantes num país nem sempre é bem aceite, quando a população nativa encara-os como uma ameaça à sua identidade cultural, como concorrente à oferta de emprego, etc. Este medo deve ser ultrapassado com a ideia de que, quando vemos alguém no chão e estendemos a mão para se apoiar e se erguer, não implica que esse alguém ao levantar-se, tenha de nos deitar abaixo. O mesmo se passa com as culturas que devem acima de tudo, dialogar, para chegarem a um consenso pois o mundo actual é inevitavelmente marcado por contactos interculturais, impostos pelos meios de comunicação, pelas migrações, interdependências económicas, e o diálogo é uma exigência da convivência e sobrevivência das diferentes culturas.