Dias is That Damn Good #201 – "O Hardcore Wrestling Style"
Dias is That Damn Good #201 – "O Hardcore Wrestling Style"
O Hardcore Wrestling Style conheceu a sua maior explosão no início dos anos 90 do século passado, sob a égide da antiga ECW de Paul Heyman. Pela brutalidade e espectacularidade proporcionada pelo estilo e seus praticantes, rapidamente conseguiu reunir um sem número de seguidores e fãs, tendo-se tornado, inquestionavelmente, numa componente valiosa e altamente benéfica aos mais variados conteúdos da modalidade, pelo menos, sempre que utilizada de uma forma bem estruturada e lógica. Actualmente, continuam a ser bastantes, ainda, os fãs e seguidores de pro wrestling que reclamam uma maior aproximação a essa vertente tão bem sucedida e célebre no passado...tendo, ao que parece, as suas preces sido ouvidas pela administração da TNA que, como é possível verificar, tem orientado a sua produção e conteúdos num sentido que os aproxima, claramente, da saudosa (para alguns) ECW.
Neste sentido, porque acho que deve ser feita uma clarificação quanto à validade e utilidade deste estilo e porque acredito que esta situação pode proporcionar uma discussão e debate de ideias bastante interessante, aquilo que me proponho apresentar ao longo de presente texto será, precisamente, uma avaliação/reflexão acerca do Hardcore Wrestling Style.
Não percam, por isso, as próximas linhas...
A Extreme Championship Wrestling (ECW) de Paul Heyman que, como disse foi a promotora que mais disseminou e visibilidade deu ao estilo, contou nas suas fileiras com inúmeros praticantes de elevada qualidade como Chris Jericho, Chris Benoit, Eddie Guerrero, Raven, os Dudley Boys, Rob Van Damn, entre outros. Wrestlers que não só elevaram a qualidade do produto e dos conteúdos apresentados pela companhia, como permitiram credibilizar e divulgar ao mais alto nível o recém, mas já tão aclamado, hardcore wrestling style. Contudo, por se focar maioritariamente numa vertente/componente da modalidade em detrimento das restantes, a verdade é que a companhia nunca conseguiu atingir uma dimensão e patamar ao nível "main stream", tendo, por outro lado, assegurado um núcleo de fãs mais restrito, mas bastante fiel. Por esta razão, muitos dos seus melhores talentos e intérpretes haveriam de abandonar a empresa rumo à WWE e/ou à WCW, onde, de facto, poderiam estabelecer-se como grandes estrelas da indústria (o que, na realidade, se veio a verificar em muitos dos casos). Ainda neste sentido e por consequência, a promotora nunca conseguiu tornar-se estável do ponto de vista financeiro, pois os patrocínios e acordos comerciais e de televisão que necessitavam estavam, geralmente, vedados pelo conteúdo demasiado agressivo e brutal que apresentavam. E essa situação acabou por se reflectir, também, na própria qualidade da produção que, sem financiamento para os equipamentos de ponta, esteve sempre condicionada à criatividade e esforço daqueles que se desdobravam em diversas tarefas para conseguir gravar e promover os produtos oferecidos pela ECW. Com o encerramento da empresa de Paul Heyman, seria a WWE a aproveitar alguns dos seus talentos e a dar uso e continuidade ao seu estilo, embora de uma forma bastante mais cuidada e pontual. Mais recentemente, é a TNA quem parece estar a querer ressuscitar o hardcore wrestling style, utilizando-se, para tal, de muitos dos nomes que ficaram célebres na extinta ECW.
Por outro lado, e não sendo respeitados estes desígnios e princípios, são a própria qualidade e atractividade do hardcore wrestling style que saem altamente prejudicadas com toda esta situação. E saem prejudicadas, em primeiro lugar, porque deixa de haver uma verdadeira história para contar durante o combate e a psicologia de ringue é completamente negligenciada. Em segundo lugar, porque a banalização do estilo vai-lhe retirando aos poucos o impacto e espectacularidade que o torna tão atractivo. Em terceiro lugar, porque o hardcore wrestling style tende a diluir as características diferenciadoras de cada wrestler. Em quarto lugar, porque a utilização abusiva deste estilo não ajuda a educar as plateias e também não lhes desperta o interesse para os pontos fulcrais do combate, estando os fãs mais focados nos spots que se vão sucedendo uns após os outros. Em quinto lugar, porque quando uma empresa foca o seu produto maioritariamente ou quase exclusivamente neste estilo as coisas tornam-se demasiado repetitivas e perde-se capacidade para diferenciar os múltiplos combates e wrestlers. Em sexto lugar, porque a diferença de tratamento que é dada aos restantes estilos e componentes da modalidade, não permitem alargar o número de fãs e seguidores, ficando as companhias reféns de pequenos núcleos quase fanáticos de adeptos, etc. Portanto, todo um conjunto de situações que nos ajudam a perceber como não deve ser utilizado este estilo, inclusive, para o próprio bem dos seus fãs, praticantes e promotoras. Num outro sentido, o modo (leia-se gimmick matches) como terminaram as rivalidades entre Triple H e Batista, entre John Cena e JBL, entre JBL e Eddie Guerrero, entre Edge e Mick Foley, entre muitas outras, são um óptimo exemplo de como uma storyline bem conduzida pode levar ao aparecimento do hardcore wrestling style na forma que melhor o rentabiliza e maior espectacularidade lhe confere. Mostram e comprovam, mais uma vez e acima de tudo, que o hardcore wrestling style não deve, nem pode, ser encarado como um produto final, mas sim como parte complementar do pro wrestling.
Um Abraço,
Dias Ferreira
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Re: Dias is That Damn Good #201 – "O Hardcore Wrestling Style"
Percebe-se que há uma ideia condutora e o artigo não está mal escrito, mas a maior parte das pessoas vai assustar-se logo que vir estes parágrafos enormes.
Quanto ao que dizes:
A TNA sempre exagerou nos gimmick matches e continua a achar que são uma forma de poppar um rating, ou um público e com isso fazem burrices como ter dois combates com armas no mesmo show. Acho que nem vale a pena desenvolver muito sobre o assunto...
Acho que pecas por não referir a WWE que, sim, não tendo sangue nem arame farpado~!1, acaba por também se servir de gimmick matches de forma um pouco gratuita, com vários PPVs temáticos como Extreme Rules, TLC, MitB, Elimination Chambers, sendo que estas stips surgem também nos outros PPVs (ie: Falls Count Anywhere no Payback, Lumberjack match agora no SS...).
E, se a WWE não faz um marketing tão agressivo nem se tenta colar tanto à imagem do extremo~!1 e do hardcore~!1, não quer dizer que estes combates não sejam também extremamente perigosos: o standard de qualidade de ladder matches na WWE é extremamente alto.
O pior é que também a WWE os banaliza (ao copiar a ideia dos PPVs temáticos da TNA), como também os aplica muitas vezes sem grande lógica, ie: Cena ganha o primeiro combate ao Wyatt, e o segundo combate é numa jaula para evitar interferências... mas se o Cena já tinha ganho mesmo com as interferências que sentido é que isso faz? Aconteceu agora o mesmo na storyline do Jericho. Para além disso, HiaCs que não o final de feuds e que são lançados meio ao acaso, mais de um HiaC no mesmo show... acho que a WWE tem sido também, em muitos casos, um mau exemplo no uso de gimmicks.
Outro aspeto seria discutir se existe mesmo um estilo hardcore, já que diferentes lutadores fazem uso das gimmicks de diferente forma. É difícil pensar que um combate entre o RVD e o Jerry Lynn na ECW seja o mesmo estilo de um combate entre o Necro Butcher e o Toby Klein, da mesma forma que um Ladder Match na WWE é bastante diferente do ladder match que Vin Gerard e o Jimmy Olsen tiveram na CHIKARA.
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Re: Dias is That Damn Good #201 – "O Hardcore Wrestling Style"
Manzk escreveu:Dude, um conselho: tenta resumir um pouco mais os teus artigos.
Percebe-se que há uma ideia condutora e o artigo não está mal escrito, mas a maior parte das pessoas vai assustar-se logo que vir estes parágrafos enormes.
Quanto ao que dizes:
A TNA sempre exagerou nos gimmick matches e continua a achar que são uma forma de poppar um rating, ou um público e com isso fazem burrices como ter dois combates com armas no mesmo show. Acho que nem vale a pena desenvolver muito sobre o assunto...
Acho que pecas por não referir a WWE que, sim, não tendo sangue nem arame farpado~!1, acaba por também se servir de gimmick matches de forma um pouco gratuita, com vários PPVs temáticos como Extreme Rules, TLC, MitB, Elimination Chambers, sendo que estas stips surgem também nos outros PPVs (ie: Falls Count Anywhere no Payback, Lumberjack match agora no SS...).
E, se a WWE não faz um marketing tão agressivo nem se tenta colar tanto à imagem do extremo~!1 e do hardcore~!1, não quer dizer que estes combates não sejam também extremamente perigosos: o standard de qualidade de ladder matches na WWE é extremamente alto.
O pior é que também a WWE os banaliza (ao copiar a ideia dos PPVs temáticos da TNA), como também os aplica muitas vezes sem grande lógica, ie: Cena ganha o primeiro combate ao Wyatt, e o segundo combate é numa jaula para evitar interferências... mas se o Cena já tinha ganho mesmo com as interferências que sentido é que isso faz? Aconteceu agora o mesmo na storyline do Jericho. Para além disso, HiaCs que não o final de feuds e que são lançados meio ao acaso, mais de um HiaC no mesmo show... acho que a WWE tem sido também, em muitos casos, um mau exemplo no uso de gimmicks.
Outro aspeto seria discutir se existe mesmo um estilo hardcore, já que diferentes lutadores fazem uso das gimmicks de diferente forma. É difícil pensar que um combate entre o RVD e o Jerry Lynn na ECW seja o mesmo estilo de um combate entre o Necro Butcher e o Toby Klein, da mesma forma que um Ladder Match na WWE é bastante diferente do ladder match que Vin Gerard e o Jimmy Olsen tiveram na CHIKARA.
Ora bem, vamos lá por partes...
1 - Reconheço que tenho alguma dificuldade em resumir as minhas ideias, mas nestes casos em concreto, gosto mesmo de tratar os meus textos quase como um mini-trabalho ou tese, introduzindo o tema, o porque de o ter escolhido e quais as questões mais importantes. Posteriormente, desenvolver e aprofundar bem o assunto e, no fim, apresentar uma conclusão que responda ás questões que lancei na introdução. Sei que, geralmente, os textos ficam grandes e que algumas pessoas podem assustar-se logo á partida...mas também é aquela coisa, quem não quer ler e não gosta de o fazer, não o irá fazer nunca, ou fa-lo-á muito poucas vezes, independentemente do tamanho do texto.
2 - Penso que vale sempre a pena abordar os assuntos porque quando estou a escrever não o faço apenas para quem conhece o business há bastante tempo e o compreende, mas também para o pessoal mais jovem que segue a modalidade há menos tempo.
3 - Concordo que a WWE também exagera um pouco nos gimmick matches e, na minha opinião, o único PPV temático que devia continuar a realizar-se seria o Royal Rumble. Em todo o caso, temos de reconhecer que a utilização que a empresa de Vince McMahon faz deste estilo e dos próprios gimmick matches nem se compara á da TNA, que recorre a eles iMPACT atrás de iMPACT.
4 - Não acho que um estilo de wrestling funcione como consequencia de quem o pratica, até porque não há wrestlers iguais e, nesse sentido, os matches, independentemente do estilo em que sejam praticados, vão sempre ter as normais variações e disparidades dos lutadores que nele estão envolvidos. Se, por outro lado, disseres que há wrestlers que se destacam mais num estilo que noutros, aí já o assunto é diferente e, como é óbvio, já concordarei contigo.
Abraço
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