Dias is That Damn Good #203 – "As Minorias Étnicas no Pro Wrestling?!"
Dias is That Damn Good #203 – "As Minorias Étnicas no Pro Wrestling?!"

O Pro Wrestling enquanto modalidade de entretenimento tem o dever de emular as mais variadas características e aspectos da sociedade em que vivemos. Como tal, todos os temas fracturantes, todas as polémicas e controvérsias, todas as orientações sexuais, todas as etnias e raças e todas as grandes problemáticas devem estar presentes nas storylines e storytelling que os seus conteúdos apresentam. Neste sentido, assume uma relevante importância, acima de tudo, o papel das etnias e do modo como elas são respeitadas e/ou utilizadas nos cards das mais diversas companhias e promotoras. É, portanto, fundamental que de entre uma panóplia de "ofertas" a sociedade global se veja reflectida e representada nas múltiplas faces deste fenómeno e, daí, a necessidade de possuir talentos com estas características...o branco caucasiano (mais comum à grande maioria dos ocidentais), os latinos de origem mexicana e porto-riquenha (que representam uma enorme comunidade nos EUA) e os negros afro-americanos (que, por sua vez, são de facto a segunda etnia mais populosa em território norte-americano).
Ora, no seguimento do que tenho vindo a escrever, aquilo que pretendo e me proponho abordar ao longo do presente artigo está relacionado, precisamente, com esta situação...com a questão das etnias e das minorias étnicas e, em particular, com o modo e forma como os wrestlers negros de origem afro-americana e os lutadores de descendência latino-mexicana e porto-riquenha têm sido tratados, aproveitados e/ou sub-aproveitados.
Não percam, por isso, as próximas linhas...
Porém, a primeira década do novo milénio marcaria um novo capítulo neste fenómeno. Um novo paradigma onde esta situação deixou de ser vista e tida com a mesma importância e onde o aparecimento e criação de estrelas provenientes das mais diversas etnias deixou de se conseguir fazer com o mesmo grau e nível de sucesso. A WWE, por exemplo, teve a seu cargo, a meu ver, três grandes oportunidades para conseguir criar a nova grande estrela negra e/ou de ascendência africana, assim como uma tag team que tinha tudo para ser bem sucedida ao nível das melhores da história da modalidade. Falo, claro está, de Elijah Burke (na altura um jovem com uma excelente imagem, repleto de carisma, com óptimas mic skills e que se safava bastante bem dentro dos ringues), de Bobby Lashley (que poderia receber um booking bastante semelhante ao de Brock Lesnar e que, apesar de bem pushado, acabaria por abandonar rumo às mixed martial arts), e, sobretudo, de MVP (talvez depois de The Rock o wrestler negro mais talentoso e com maior potencial que alguma vez apareceu). Por outro lado, o aparecimento da tag team Cryme Time permitiu dar uma lufada de ar fresco na divisão de equipas da WWE, precisamente, numa altura em que o tag team wrestling estava a ser completamente negligenciado pela companhia. Infelizmente a empresa de Vince McMahon não soube retirar o melhor rendimento destes talentos e aproveita-los da forma que eles mereciam, acabando por perdê-los. Mas se relativamente aos wrestlers negros a tarefa não tem sido fácil e granjeado muito sucesso, o mesmo se pode dizer no que toca aos lutadores de origem latino-mexicana e porto-riquenha...basta, para tal, pensarmos que Sin Cara, Primo e Épico foram rotundos falhanços e que Carlito depois de um início bastante prometedor não conseguiu corresponder às expectativas. No mesmo sentido, talvez tenha sido Alberto Del Rio aquele que, no pós-Eddie Guerreno e Rey Mysterio, mais sucesso conseguiu alcançar, mas, tal como aconteceu com Carlito, após um ínicio bastante prometedor acabou por se ir perdendo.
Para piorar as coisas, se olharmos para os lutadores com contratos de desenvolvimento que actuam na brand NXT, também verificamos, facilmente, uma enorme lacuna a este respeito. Pois por mais que procuremos por um wrestler que possa representar uma minoria étnica ou na qual essa mesma minoria se possa rever, não conseguiremos encontrar um único em que possamos depositar grandes expectativas e esperanças nas suas qualidades e potencial para vir a afirmar-se como uma estrela de topo. Talvez muita gente e grande parte dos fãs e seguidores da modalidade não dê a devida importância a este fenómeno e não esteja minimamente preocupada com ele...mas, pelas razões que venho apontando ao longo deste texto e, sobretudo, pelas inúmeras storylines que se podem construir através dos problemas gerados pelas minorias étnicas (como o racismo e a xenofobia, a luta pela igualdade de direitos e oportunidades, entre muitos outros temas), acredito que a questão das etnias deveria ser alvo de um muito maior cuidado e preocupação, sobretudo, da parte de quem gere e administra as promotoras do business.
Dias Ferreira
PS: Não se esqueçam de indicar mais temas e assuntos que gostassem de ver ser tratados neste espaço.
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