Portugal

Cristiano Ronaldo não quer ser visto como o “salvador da pátria” no Mundial-2010. À chegada à Covilhã, para integrar o estágio da Selecção Nacional, o “capitão” fez questão de deixar bem claro: «Não jogo sozinho nem faço milagres».

«Para ganhar um Campeonato do Mundo, uma selecção tem de ter sete ou oito jogadores num momento muito bom. Mesmo com dois ou três será difícil», começou por afirmar o jogador do Real Madrid, pouco depois de chegar à Covilhã de helicóptero.

«Estamos muito entusiasmados por podermos disputar outro Mundial e queremos fazer o melhor possível», afiançou, vincando que não poderá recair nos seus ombros a responsabilidade pelo sucesso ou insucesso da equipa das quinas, na África do Sul. «Não jogo sozinho nem faço milagres. Temos que estar bem colectivamente», avisou.

Confrontado com a polémica suscitada pelas declarações de José Mourinho, Cristiano Ronaldo preferiu não se alongar nos comentários. Até porque... «Estive de férias nos últimos cinco dias, para descansar, e desliguei-me de tudo. Não acompanhei de perto essa polémica», confessou, acrescentando: «A única coisa que tenho a dizer a Mourinho é desejar-lhe boa sorte para amanhã [sábado, dia da final da Liga dos Campeões]».

Reconhecendo que «Portugal não é favorito» à conquista do Mundial, o “capitão” lembrou, também, que «nem sempre os favoritos ganham».

O seleccionador de Portugal, Carlos Queiroz, reagiu às declarações de Mourinho, que disse: «Ronaldo a mil à hora não chega para Portugal vencer o Mundial, e lembrou que «há 25 anos também se riram» dele e depois foi campeão mundial de sub-21.

«Há 25 anos também se riram de mim. O que é importante dizer é que no passado, quando muitas coisas começaram comigo, falando para treinadores, estudantes universitários, para os meus jogadores, a minha mensagem foi sempre a mesma. Temos de trabalhar, temos de nos preparar bem, porque quando isto começar é um jogo de 11 para 11. Não conta nada do que está fora. Nós temos uma hipótese em 10 e temos de estar preparados. Vamos fazer tudo para não perder essa oportunidade», afirmou Carlos Queiroz, em conferência de imprensa.

O técnico também referiu que as palavras de José Mourinho foram mal interpretadas: «Se tivermos uma equipa unida, com os adeptos a apoiar-nos e a viajar a mil quilómetros por hora, já nos basta só o Cristiano Ronaldo, Deco e os outros à velocidade de cruzeiro. Não precisamos de muito mais e se isso acontecer se calhar as nossas hipóteses aumentam.»

Pepe joga contra Moçambique, Liedson quer título

Liedson quer Portugal campeão do mundo e ser, ainda, o melhor marcador da prova. «Mais importante do que eu ser o melhor marcador é que Portugal seja campeão», afirmou Liedson, mal chegou à concentração da selecção, depois da folga concedida por Carlos Queiroz. O optimismo é reforçado com a notícia anunciada pelo seleccionador nacional: Pepe vai jogar contra Moçambique.

É um reforço importante e óptimo para a confiança do grupo e dos adeptos: as dúvidas quanto à falta de ritmo de Pepe podem ser retiradas já na terça-feira, no amigável contra Moçambique, uma vez que, segundo Carlos Queiroz, «o Pepe vai jogar uma parte do jogo». O atleta regressa assim à competição seis meses desde que sofreu a rotura do ligamento cruzado do joelho direito e depois de na semana passada ter recebido alta clínica, começando a treinar sem qualquer limitação.

Liedson aponta ao topo

Nem a criticada jabulani, bola oficial do Campeonato do Mundo, desmoraliza o avançado do Sporting, que a considera «um pouco difícil de controlar» mas garante que «até dia 15 de Junho» a selecção se vai adaptar.

Ansioso pelo início da prova, Liedson analisa positivamente o estágio da selecção nacional na Covilhã e usa o jogo contra os Camarões como um exemplo da «subida de rendimento da equipa».

Igual opinião tem Pedro Mendes: «Estamos melhor, provámo-lo no jogo com os Camarões, mas temos ainda de melhorar até ao primeiro jogo», disse o jogador dos leões que acredita que até dia 15 a selecção estará perfeitamente adaptada à bola oficial do Mundial. A jabulani tem que ser «tratada com mais carinho», sublinha o médio: «É uma bola muito leve, especialmente nos passes longos, se estiver vento sofre muitas mudanças de direcção. Nestes próximos 15 dias vamos ter de estar muito em contacto com ela para chegarmos ao jogo da Costa do Marfim totalmente adaptados», disse o jogador do Sporting.

Pedro Mendes foi substituído contra os Camarões devido a lesão mas confessa sentir-se «muito melhor» e «confiante numa rápida recuperação», faltando ainda ser reavaliado pelo fisioterapeuta António Gaspar.

A selecção tem esta sexta-feira dois treinos no campo do Real SC, em Massamá.