Geofill na vanguarda dos sintéticos

Sem condições - e já sem paciência - para manter em bom estado o relvado natural do Estádio José Alvalade, que já vai no seu sexto tapete, o Sporting assumiu ("com 95% de possibilidades", afirmou o presidente Bettencourt) que em 2011/12 mudará para um relvado sintético "de última geração e fantástico". Os sintéticos não costumam ser do agrado dos profissionais do futebol, mas o mercado evoluiu e O JOGO foi à procura da melhor solução, que já existe em Portugal, no Estádio do Bessa, e que muito provavelmente será adoptada pelo Sporting, que procura o topo de gama: o sistema Geofill de enchimento orgânico, a grande novidade em relação aos habituais de granulado de borracha.

Quando se joga em sintéticos, é normal ver precisamente as bolinhas pretas de borracha a saltarem, a ficarem pegadas ao corpo ou a dificultarem a estabilidade dos apoios no piso, ou até a sobreaquecerem os pés quando está calor, isto para além de a bola saltar mais e de o piso ser mais duro para as articulações e abrasivo nos carrinhos... por muito evoluídos que sejam. Mas a marca italiana Italgreen (representada em Portugal pela Global Stadium) patenteou o denominado Geofill, um novo sistema que substitui o enchimento de granulado de borracha por um orgânico, ecológico e que melhor simula a relva natural e a sua relação com a bola e os atletas. Em Portugal, já existe no Estádio do Bessa e até o Barreirense o vai instalar, tendo em vista o retorno de futuros rendimentos derivados da formação de jogadores. O Sporting sonda o mercado há muito tempo - instalou recentemente dois de granulado de borracha na Academia, para a formação - e terá de optar em breve. Mas o futuro passa com certeza pelo melhor do momento.

PRINCIPAIS INOVAÇÕES DO SINTÉTICO GEOFILL

• Fibras vegetais e minerais

• Enchimento orgânico, que não levanta como as "bolinhas" pretas de borracha

• Estabilidade no apoio do pé e em corrida

• Não é abrasivo nem com calor nem com frio

• Fresco, mesmo com temperaturas elevadas

• Eco-friendly

• Ressaltos, deslizamentos e resistência à rotação da bola mais parecidos ao relvado natural

• Também apto e aprovado pela International Rugby Board

EM COMUM COM OS SINTÉTICOS DE GRANULADO DE BORRACHA

• Certificação FIFA

• Custo de instalação superior a um relvado natural e de manutenção mais barato

• Maior durabilidade com utilização frequente

• Imune a fungos, bactérias, vírus

• Possibilita a realização de outros eventos para gerar receitas

• Aspecto sempre bonito, mesmo com condições climatéricas adversas

O relvado sintético em geofill, que está na agenda do Sporting para a próxima época, contribui para acelerar a circulação de bola e torna o jogo mais intenso. Estas são as principais conclusões que Record pôde retirar da observação do jogo entre o Novara e o Empoli, da Série B, na 3.ª feira, e que terminou com um empate a uma bola. O Novara, líder isolado do campeonato, instalou o tapete artificial no arranque para esta temporada, e passou a ser o primeiro clube das ligas profissionais italianas a jogar naquela superfície. Os jogadores, maioritariamente resistentes a pisos não naturais, aprovam a solução. E confirmam, naturalmente com conhecimento de causa, que o futebol sai a ganhar – assim a condição física corresponda.

“O relvado é bom, permite jogar na perfeição. Não há muitas diferenças em relação ao natural, mas diria que a bola anda mais rápido, sai com mais velocidade do passe, e isso torna o jogo mais dinâmico. Para jogar a este ritmo temos de fazer uma boa preparação”, considera Pablo Andrés González, avançado, 25 anos, melhor marcador do Novara (com 10 golos) e... irmão de Mariano González, do FC Porto.

A opinião é partilhada por Nicola Ventola, ex-Inter de Milão. Que acrescenta: “Para nós é bom, porque temos muitos jogadores rápidos. E a superfície é suave, portanto não causa problemas com lesões”, argumenta o jogador, de 32 anos. Ventola lembra que a relva costuma ser regada antes de cada partida. “A bola desliza muito e circula rápido. O ritmo é mais intenso”, define. De resto, a questão de ser artificial não provoca reticências. Quando o Novara joga em casa, os treinos podem ser feitos no Stadio Silvio Piola, caso contrário a equipa dispõe de campos tradicionais no seu centro de estágio, o Novarello. “Preferiria o natural se ele fosse bom. Como em Itália isso é difícil, parece-me que esta é uma boa solução. Pode ser caro, mas coloca-se uma vez e pronto.” No essencial, “não muda muito.” “Pode-se, inclusive, jogar com pitons de ferro.”

Convite

Recentemente, o Sporting instalou em Alcochete um relvado sintético, mas de borracha. O administrador delegado do Novara, Massimo de Salvo, coloca o clube à disposição para receber José Eduardo Bettencourt, caso os leões pretendam conhecer in loco o desempenho do geofill. “Para nós seria uma honra receber o Sporting. Teríamos muito gosto”, afirma. “Tínhamos muitos problemas com o clima. Isso complicava a manutenção e disparava os custos. Esta solução foi muito boa” conclui.