black heart... debut 2015

A imagem foca um ringue de Wrestling, com uma pequena luz circular, de cor branca a embater num dos quatro cantos no mesmo. Podemos ver os tecidos que outrora marcaram a Vanguarda da Luta Livre projetados nas três uniões das cordas, com um vulto sentado bem cabisbaixo.

B: Miescha… Kevin Gunn… As pessoas precisam entender que nem sempre podem ter acesso a toda a informação, há coisas que são preferíveis ficar nas sombras enquanto não estiverem prontas para lidar com elas! Lembram-se dessa frase? Eu lembro-me, preferia não recordar… Mas da pior forma o tenho de fazer.

O vulto é Black, como ficou conhecido Cavaleiro depois de toda a controvérsia que viveu na Ultimate Wrestling League. Entoando uma frase de Miescha num episódio da UWL o mesmo puxa o seu cabelo largando algum junto a si, no tapete branco do ringue.

O mesmo segura na mão direita, meio como quem segura o peluche da infância, o título da Vanguarda da Luta Livre.

B: Um título… como este… o único que a par do título da FPW não se uniu ao da UWL. A importância que o mesmo tem… Só o passado pode contar.

Black coloca o título ao ombro, mostrando o amor que tem por ele observando-o enquanto fala.

B: Miescha… Kevin Gunn… Eu! Deviamos ter levado os Supremacy ao chão, esmagando o pobre que eles eram! Portanto a importância deste regresso da FPW é como um relembrar que ainda existem batalhas que precisam de ser travadas, por mim… por ti! Por nós Wrestling.

Black, que se encontra com uma camisa preta e branca aos quadrados retira, de dentro do bolso esquerdo da mesma, um papel dobrado que rapidamente se torna num cheque, com o aproximar da filmagem. O mesmo rasga-o lentamente deixando-o cair para fora do ringue. O barulho entoa… mas rapidamente desaparece.

B: Há duas possibilidades aqui eu sei. E como podem ver eu não quero dinheiro para nada. Vingança nas duas possibilidades é certo no entanto, mas uma vingança que vocês que gostam do verdadeiro apoiam e sustentam. Mas de grandes discursos não se fazem grandes campeões. E se eu soubesse agora isso… Cavaleiro não teria sido, Pavão não me teria enganado. Humilhado não seria… Aquele primeiro episódio da UWL ditou tudo, o fim… o início. Black sou. Até João Lopes me humilhou. Passei a vida a ser humilhado. Deixei-me ser comprado antes sequer de mostrar o que era! Vingança! Vingança! Em independentes e shows de merd* passei meses a espera da oportunidade que o supervisor-geral da VLL me prometeu no dia número um! Vingança!

A imagem começa a tornar-se totalmente clara até que se acende por completo o ringue e Black mostra a sua cara pintada de branco. Um casaco de cabedal está estendido nas cordas, umas calças pretas e umas botas completam o vestuário. Um ringue num armazém onde só cabe mesmo esse ringue é o espaço. O lutador encontra-se sozinho, com cara de cansaço e de desespero.

B: Na europa a minha cabeça abriu-se mais de mil vezes desde que parti, mas voltei, voltei para combater depois de o ter feito pela última vez aqui… passado mais de um ano. Porque os meus demónios são daqui. E eu sozinho os tive de enfrentar… Demónios que me deixam pensativo! Imaginem amar alguém e descobrir que vivíamos numa falsidade tremenda. Eu não tinha nada de Cavaleiro, mas tinha tudo de Justiceiro! Era por isso que a Division era suposto ser a vingança, com aqueles que nunca foram honrados. Portanto quem se junta a mim?! Quem tem a coragem de dizer… Isto é o que interessa num “One Night Stand” de valor! Quem rasga o cheque como eu rasguei? Portanto deixo uma expressão… “Open Challenge” para quem quiser entrar no ringue comigo, eu procuro quem queira a justiça e a vingança… ao mesmo tempo, num prato ilustre!

Do bolso direito, desta vez, retira um caderno, com uma caneta enfiada. O mesmo abre, remexe-o enquanto o barulho do armazém do lado entoa mostrando que estamos numa zona industria que deixa aquele pequeno espaço na insignificância que é hoje.

Ainda sentado o mesmo entoa palavras outrora enviadas por Kevin Gunn.

B: Mas, a morte também é piedosa. Ela oferece uma chance de redenção... E eu também. Seres humanos frustrados, angustiados, revoltados, injustiçados e perseguidos pelo mal, a crueldade, o vício e a traição... Não estarão nunca sozinhos. Eu estarei sempre do vosso lado. Eu sou a salvação e a mensagem dela.

O mesmo fecha o caderno, dá um beijo na capa e coloca-o novamente no bolso. De seguida coloca o título no centro das suas pernas.

B: Eu aprendi a redimir sozinho, na escuridão, com ou sem salvação. Será que a minha história é a história da FPW?

A imagem desvanece…..