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Mensagem por DiogoAz Qua Fev 10 2016, 23:04

Pois bem, o Tiago Carrasco e o Daniel Rodrigues, dois fantásticos jornalistas e que já tive o prazer de entrevistar, a quando de uma reportagem da minha autoria para o Público sobre o modo como o futebol é intensamente vivido no Gana e a propósito da vitória do Daniel no World Press Photo, realizaram uma das mais fantásticas reportagens que já tive o prazer de ler. Ela saiu no Notícias Magazine e é bastante extensa, por isso, deixo aqui um excerto inicial e o link no fim para quem quiser ler o resto.

[Reportagem] Às escondidas de Alá NM1237_Irao01

Notícias Magazine escreveu:Recentemente, quando Hassan Rouhani visitou Roma, as autoridades italianas cobriram o sexo das estátuas para não chocar o presidente iraniano. Em Paris, um almoço entre os chefes de estado foi cancelado por causa do vinho. Talvez nada disto fosse necessário. No Irão, nem tudo é pudor: Farid consome cocaína, Yashar participa em orgias gay, Justina canta sem véu. Correm o risco de ser presos ou chicoteados, mas arriscam tudo para aliviar o sufoco da lei islâmica.

O som de dois disparos sobressalta a plateia antes de a cortina descer. Tal como no texto original de Romeu e Julieta, a adaptação do Teatro Mehrab, em Teerão, acaba com a morte trágica do casal apaixonado. Contudo, é a interpretação do amor, e não da morte, que torna única esta versão persa da obra clássica de William Shakespeare. Aqui, Romeu não chega a sentir o sabor dos lábios de Julieta, nem sequer a acariciar-lhe a mão. «Devido à censura, os atores não podem tocar-se», diz o encenador Arash Azizi, 28 anos. «Temos de transmitir o desejo através da troca de olhares e da expressão corporal. Nascemos depois da revolução islâmica e sabemos bem quais são os limites. Aproveitamos as restrições para desenvolver a criatividade.»

Há 35 anos que os iranianos trabalham essa criatividade. Em 1979, uma revolução popular derrotou a ditadura do xá Mohammad Reza Pahlavi, apoiado pelo governo norte-americano e obcecado pelo Ocidente, implementando um regime islamita comandado pelo Líder Supremo (ayatollah) Ruhollah Khomeini e regulado por um grupo restrito de imãs (mullahs). Os jovens iranianos não podem ter sexo antes do casamento, não podem fazer tatuagens nem exprimir-se através da arte urbana. O Facebook e o YouTube estão bloqueados. Domesticar um cão é crime.

Várias milícias e forças de segurança passam o país a pente fino para aplicar as normas e castigar os infratores. «Foi-nos negada a diversão», diz Roozbeh Mehr, médico e ator, no papel de Príncipe Escalus.

Além disso, qualquer manifestação artística necessita da aprovação do Ministério da Cultura e da Orientação Islâmica, que inviabiliza todos os comportamentos desviantes da sua interpretação do Alcorão, e poucas são as iniciativas autorizadas financiadas pelo Estado. «A aniquilação da cultura é um dos pilares da sobrevivência das ditaduras», diz Afshin Zamaneh, 32 anos, o Romeu da peça, que não pisava um palco há dois anos e tem de pedir dinheiro aos país para se deslocar para o teatro. Num país onde o desemprego chega aos 11%, os atores são dos que mais dificuldade têm em arranjar trabalho: não há companhias de teatro e o número de peças é fortemente limitado pela censura. «No Irão de hoje, Romeu teria mais dificuldades do que há 500 anos em Verona. Não podia sair com Julieta, beijá-la, amá-la e, se fossem apanhados juntos num carro, iam parar à esquadra. Com tudo isto, perdemos o instinto de amar. Aprendemos a ignorar a paixão para evitar mais problemas.»

Disse Shakespeare que o mundo é um palco. E que todos os homens e mulheres são meros atores. A frase que talvez faça mais sentido em Teerão do que noutra parte do mundo, pois no Teatro Mehrab ou nas ruas da cidade impera uma falsa beatice. Sim, Afshin já beijou Eiahe, a atriz na pele de Julieta, mas às escondidas de Deus, nos ensaios marcados em casa do encenador. Aí, o elenco chegou a partilhar charros e a dormir no mesmo quarto. Na Pérsia moderna há um mundo que se movimenta no palco, à superfície, debaixo dos olhares dos bufos e das câmaras de vigilância, mas a verdadeira trama desenrola-se no fosso da orquestra. «Há duas sociedades no Irão: a que dorme na rua e a que vibra no subterrâneo», diz Roozbeh, 26 anos. «Nesse submundo, fazemos o mesmo que os jovens europeus: bebemos álcool, tocamos música e fazemos festas de arromba.»

Reportagem completa aqui.
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Mensagem por CChris Qui Fev 11 2016, 01:09

Quanto mais ignorante for um povo mais facil este é de ser controlado. É por isso que Salazar apostava nos 3 Fs para distrair o pessoal dos verdadeiros problemas que existiam naquele tempo. Enquanto que as ditaduras têm """""a vantagem""""" de que os cofres do pais ficam mais cheios do que nunca, o povo acaba por sofrer à conta disso e a liberdade é quase nula.

Uma coisa, eles no Gana podem sair do pais e imigrar?
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