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Gilberto Madaíl: «Nunca pensei demitir Queiroz»

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Mensagem por admin Dom Nov 01 2009, 19:42

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RECORD- Alguma vez lhe passou pela cabeça sofrer tanto e ter de enfrentar um playoff para chegar à África do Sul?
GILBERTO MADAIL - Quando foi o sorteio dos grupos tive a percepção que o nosso não seria fácil, atendendo à presença da Dinamarca e Suécia e porque a Hungria é uma seleção em franco progresso. Mas sinceramente esperava que não fosse necessário ir ao playoff e conseguíssemos a qualificação direta. Por mera infelicidade, como todos viram, perdemos 7 pontos em casa e quando assim é torna-se muito difícil recuperar. Talvez tenhamos feito alguns jogos pouco conseguidos.

R - Houve algum momento em que pensou "já lá não vamos"?
GM - Não. Tive sempre uma grande fé. Aliás, ainda não estamos lá. Mas a exemplo do nosso selecionador, acredito muito que vamos estar na Africa do Sul.

R - A Bósnia é assim tão problemática?
GM - Sabem tão bem como eu que se trata de um adversário difícil. Essa conversa de dizer que "é a Bósnia e por isso já está no papo" não convence. É preciso ver o que ela vale.

R - Mas Portugal é claramente favorito ou não?
GM - Pelo seu historial, Portugal é favorito, mas é importante estudar a lição e saber responder muito bem às perguntas que nos vão ser colocadas em Lisboa, dia 14, e na Bósnia, a 18, num estádio extremamente difícil. Ainda agora, quando estive na UEFA e na FIFA, muita gente me alertou para o perigo que é a Bósnia quando joga em casa.

R - Houve algumas preocupações nesse sentido. O relatório do diretor desportivo Carlos Godinho confirma esses receios?
GM - Não, mas alertou para uma série de situações, particularmente para o ambiente que Portugal vai encontrar. A Bósnia nunca foi a uma fase final, tem um alto grau de nacionalismo e nós temos experimentado dificuldades face a equipas que teoricamente, pela posição inferior que ocupam nos rankings. são aparentemente fáceis mas que em casa se transfiguram. Temos, pois, que ter muito cuidado. Além disso, aproveito já para pedir um grande apoio dos portugueses para o jogo em Lisboa. Precisamos que nos ajudem a ultrapassar este adversário e para isso é importante dar aqui um passo mais largo.

R - Admitiu nalgum momento fazer queixa à FIFA por causa das condições na Bósnia?
GM - Não. A não ser que houvesse qualquer coisa de anormal. A Bósnia fez todos os jogos em Zenica e ninguém se queixou. Teremos certamente as mesmas condições que os outros, que lá jogaram, tiveram. Uma eventual queixa sem grande fundamento seria até considerado pela FIFA um ato de falta de fair-play.

R - Disse em ocasião anterior que Portugal foi o melhor do grupo. Porque razão então não foi o primeiro?
GM - Porque... é futebol. Como disse, perdemos 7 pontos em casa e isso foi decisivo. E o primeiro jogo com a Dinamarca simboliza o que lhe digo: a seleção fez uma das melhores exibições e, no entanto, perdemos nos últimos 5 minutos. Ainda assim, a situação há três meses era bem diferente... para pior. Mas volto a alertar: apenas nos qualificámos para o playoff. Ainda não chegámos à praia, como é se costuma dizer.

R - Portugal só tem que se queixar de si próprio?
GM - Não, também há que dar mérito aos outros.

R - O selecionador queixou-se de alguns penáltis não assinalados a nosso favor...
GM - Eu não sou perito nisso. Não sei se foram muitos, se foram poucos.

R - Mas acha que fomos prejudicados?
GM - Não direi isso, mas houve algumas situações que me pareceram merecedoras de outro tipo de ação por parte dos árbitros. Mas eles é que decidem. Talvez o selecionador tenha razão nalgumas ou até em todas essas situações. Houve comportamentos de adversários que não foram os mais corretos.

R - Durante esta campanha chegou a pensar demitir Carlos Queiroz?
GM - Não, porquê? Não, não, nunca pensei nisso. Tenho toda a confiança no professor Carlos Queiroz. Ele foi contratado com o objectivo de qualificar Portugal para o Mundial 2010 como também para o Euro'2012 e ao mesmo tempo fazer um trabalho que está a ser iniciado e que é a reformulação interna do gabinete técnico da federação. Vai sendo cada vez mais difícil encontrar jovens talentos, mas é preciso saber procurá-los e para isso é importante criar uma nova organização.

R - Mas sentiu alguma pressão nesse sentido?
GM - Não, não. Pressão em que aspeto?

R - De vária ordem, de vários meios, com a intenção de o empurrar a tomar uma decisão que a certa altura até seria muito popular?...
GM - Não. Ouvi e li muitas coisas, é verdade. Quando se está habituado a frequentar hotéis de luxo, como aconteceu nos últimos oito anos, depois é complicado ir para um de duas ou três estrelas. Eu tenho muita honra em ter sido presidente da FPF durante este ciclo em que a nossa seleção passou a um nível de prestígio internacional, e também nacional, que hoje em dia é difícil aceitar fracassos. Compreendo isso e temos de saber lidar com essa situação.

R - E o presidente da FPF é o primeiro a ter dificuldade em admitir esses fracassos?
GM - Claro, até porque sou o primeiro responsável. Custa-me ler, até às vezes no seu jornal, determinado tipo de comentários que, vindos de quem vêm, são profundamente desadequados.

R - A questão da saída de Queiroz é um cenário que não se coloca independentemente do resultado do playoff?
GM - Neste momento só estou preocupado com o apuramento para o Campeonato do Mundo. Tenho vivido exclusivamente em função desse objectivo. Mesmo no retiro de casa só penso "14-18", isto é nos dias em que vamos jogar com a Bósnia. Tudo o resto não me preocupa.

R - Já contabilizou o prejuízo para a FPF se não for ao Mundial?
GM - Sim.

R - E quanto é: 10, 15, 20 milhões de euros?
GM - Não, não tanto. Mas tudo depende. O apuramento direto, conforme está nos regulamentos, vale cerca de 5 milhões de euros. Depois, tudo depende do número de jogos que se realizarem e das vitórias que se conquistarem. Pode atingir valores consideráveis. Além disso, há situações de contratos que dão determinadas contrapartidas, claramente superiores desde que a seleção atingiu em 2004 um determinado patamar de ranking.

R - Da Nike por exemplo?
GM - E de outros. Como sabem temos estado quase sempre nos "top ten" dos rankings da FIFA e UEFA. Antigamente negociávamos contratos com a possibilidade de termos prémios de qualificação. Hoje em dia, é ao contrário: se não nos qualificarmos seremos penalizados em termos contratuais. O que eu sei é que para uma federação com a nossa dimensão, com 140 mil atletas inscritos, só tem sido possível uma certa evolução e reestruturação -- desde a compra da nova sede à informatização, das condições que disponibilizamos a todas as seleções até a investimentos que temos feito na área médica e dos audiovisuais --, dizia que esta dinâmica só tem sido possível com Portugal a marcar presenças sucessivas nas fases finais.

R - Caso contrário...
GM - Se não nos qualificarmos vai ser um golpe, mas como já disse não será uma tragédia.

R - Scolari, quando veio recentemente a Portugal, disse acreditar no apuramento da seleção mas que se isso não acontecesse até poderia custar o emprego a alguns funcionários da FPF. É verdade?
GM - O senhor Scolari é amigo de Portugal, independentemente de se gostar dele ou não. O que eu transmiti a todos os selecionadores é que a seleção precisa de se qualificar para manter uma determinada dinâmica. Se não nos qualificarmos não podemos manter determinado ritmo de atividade, logo tem de haver desinvestimento o que não quer dizer que tenhamos de despedir pessoas. Repito, no entanto, que não iremos por aí, pois sinceramente acredito que vamos ao Mundial.

R - São dois jogos, mas convém ficar o serviço feito em Lisboa.
GM - Como disse, convém dar uma passada maior na Luz ou... duas passadas largas. Se não levarmos daqui um resultado que nos satisfaça completamente, lá será outro jogo. Serão onze contra onze num ambiente mais pressionante para a nossa equipa, mas também a isso estamos habituados.

R - Porque razão se decidiu pelo jogo na Luz?
GM - Para um jogo destes só tínhamos três hipóteses: Dragão, Luz e Alvalade. Se temos um estádio com 60 mil lugares e temos a ambição de colocar lá 60 mil pessoas, então faz todo o sentido escolher esse estádio para um jogo desta importância.

R - E uma boa receita em perspectiva...
GM - Poderíamos aproveitar o jogo para potenciar a receita mas o que queremos é o apoio dos adeptos. Por isso, os preços dos bilhetes para este jogo são praticamente idênticos aos do jogo com a Hungria. Aliás, devo dizer que não são as receitas dos jogos das fases de qualificação que nos equilibram as contas, embora dêm importante contributo. Por exemplo no Europeu anterior, partimos com um défice de quase 1 milhão de euros que naturalmente recuperámos por causa do trajecto que cumprimos, marcando presença na fase final. O que quero é o estádio cheio e o apoio dos portugueses!

R - Mesmo com o estádio quase cheio, no jogo com a Hungria, Carlos Queiroz foi assobiado. Porque acha que o selecionador não tem a empatia que por exemplo Scolari conquistou?
GM - Não sei, mas também lhe digo uma coisa: sempre que vou a um estádio entregar uma taça sou, assobiado. Todos podem avaliar o meu trabalho à frente da FPF, embora não mereça ser posto em causa o meu empenho. A minha vida tem sido dedicada à federação nos últimos 13 anos. No entanto, não deixo de ser assobiado.

R - E porque é que acha que isso acontece?
GM - Sei lá! As pessoas gostam de assobiar, deve ser isso. Não faço ideia. Mas não acho que seja muito importante. No entanto, espero sinceramente que neste jogo, quando o Carlos Queiroz entrar no campo, as pessoas reconheçam que ele também, tal como eu, nos momentos mais difíceis, sempre acreditou que nos íamos qualificar.

R - Acha que esta campanha foi muito marcada pelo fantasma de Scolari?
GM - Não vi fantasmas nenhuns.

R - Não sentiu que tivesse sido um fator de perturbação? Quantas vezes se comentou que Scolari fazia assim e assado para criticar o trabalho de Queiroz...
GM - Tive conversas várias com o prof. Queiroz. Nunca tinha trabalhado com ele, pois quando saiu da FPF eu era presidente da assembleia geral. Neste ciclo, temos vindo a construir uma relação de solidariedade e de uma certa amizade. Ele tem percebido sempre as minhas mensagens e eu também tenho compreendido o que ele pretende. Coloquei sempre à disposição da seleção aquilo que é possível pôr, embora tenha havido situações em que tive de ser mais moderado e prudente.

R - E entre Scolari e Queiroz, que diferenças encontra?
GM - São feitios completamente diferentes e têm formas de trabalhar diferentes. Queiroz trabalha muito, é muito dedicado e estudioso. O que me interessa é que, sejam quais forem os métodos, atinjam os objetivos que pretendemos.

R - Quer dizer que Scolari não era muito empenhado no trabalho?
GM - Não, não. É claro que era empenhado, mas quer uma diferença pública? Olhe, o senhor Scolari era acusado de fazer poucas observações de jogos ao vivo, enquanto o Carlos Queiroz tem passado muito tempo a observar jogos aqui e acolá, por todo o lado.

R - Isso dá cabo do orçamento...
GM [riso] - Vamos ver.

R - Sempre propôs contratos de 2 anos aos selecionadores. Porque razão Queiroz assinou por 4? Foi uma proposta sua, uma exigência de Queiroz ou resultado da negociação?
GM - Foi consensual. Queiroz tinha uma situação muito boa no Manchester e como estava subjacente a necessidade de reestruturar a formação na FPF pareceu-me na altura que fazer um contrato por 4 anos era uma boa ideia. Não quero dizer que os outros treinadores que passaram na federação não fossem competentes, mas era necessário mudanças de comportamentos.

R - Quanto dinheiro custou desvincular Queiroz do Manchester?
GM - [silêncio].

R - A FPF teve de pagar dinheiro ao Manchester?
GM - Alguma coisa, sim.

R - Podemos saber quanto?
GM - Não.

Candidatura ibérica

R - Por muito pouco que custe, acha que o país vai acolher bem a ideia de gastar dinheiro para receber um Mundial em 2018?
GM - A ideia do Mundial conjunto da parte de Portugal foi baseada num pressuposto: não queríamos fazer investimentos na ordem daqueles que fizemos em 2004. Os nossos principais investimentos foram feitos em 2002, 2003 e 2004 não só nos estádios mas também nas vias de comunicação, aeroportos, caminhos ferroviários, unidades hospitalares e centros de saúde, unidades hoteleiras, etc. A ideia de aglutinação com Espanha ver o que poderíamos rentabilizar. São 64 jogos o máximo de jogos que traríamos para Portugal com as infraestruturas que temos. É claro que estaria a ser demagógico se dissesse que vai haver zero investimento, mas o bolo maior já foi feito. Além disso, mal de nós que em 2018 ainda estejamos em crise.

R - O grande argumento português para o Mundial'18 ou 2022 é: não temos que gastar muito dinheiro, pois já temos estádios e estruturas modernas. Como se justifica então que Portugal tenha de pagar 40 por cento das despesas? Não é de mais?
GM - Esse não é um acordo já fechado, pois ainda depende de várias coisas, entre elas o número de jogos que serão realizados em Portugal.

R - Quantos podem ser?
GM - Há ideias, mas não certezas, mas continuando a falar em percentagem gostaríamos que fosse entre 25 a 40 por cento. Neste momento ainda há situações que estão por definir. Mas atenção que estamos a falar de despesas da candidatura. E mesmo que seja essa a distribuição, julgo que teremos sempre menos custos e menos despesas correntes o que quer dizer que o saldo de Portugal será muito melhor do que os espanhóis, pois vão ter de gastar muito mais.

R - Atendendo à sua experiência e conhecimento deste tipo de decisões e dos meandros da FIFA, o que o convence de que a candidatura ibérica pode ganhar o Mundial 2018?
GM - Primeiro, a nossa determinação. Por outro lado, o reforço da ideia de vencer tem também a ver com algumas auscultações que fizemos. Há candidaturas fortíssimas, especialmente a inglesa, mas a candidatura ibérica colhe uma grande simpatia entre aqueles que têm o poder de decidir.

R - Quanto vai custar o Mundial?
GM - A candidatura? Seis a sete milhões de euros.

R - E a organização?
GM - Não sei. A FIFA vai custear uma grande parte das despesas.

R - Quanto é que custou o Euro'04?
GM - Na ordem dos 140 milhões de euros.

R - Será o dobro?
GM - Talvez. Mas que fique claro: grande parte desse dinheiro vem da FIFA.

R - Como vai resolver a vontade de Braga e Algarve integrarem as cidades-sede do Mundial?
GM - Compreendo, mas não tenho que resolver. Só temos de saber quais os estádios que podem receber jogos do Mundial e quantos jogos poderemos ter. Quem quiser concorrer terá de apresentar garantias que o estádio tem as condições exigíveis pela FIFA.

R - Pode então garantir que vai haver jogos na Luz, Alvalade e Dragão?
GM - Sim, seguramente.

R- Em Aveiro, que é uma cidade que lhe diz muito, já houve uma proposta de implosão do estádio. Como reage?
GM - Acho que deveria ter havido uma proposta de explosão de ideias. Há estádios que têm conseguido amortecer os custos, pois encontraram soluções para rentabilizar os estádios com outras atividades que não são o futebol.

R - Está arrependido ter proposto dez estádios em vez de oito para acolher o Euro'04?
GM - Não, até porque garanto-lhe que se não tivéssemos apresentado dez estádios nunca teríamos ganho a organização do Euro'04 e por uma razão simples: a Áustria e a Hungria apresentavam dez estádios e a UEFA tinha essa condição como determinante para a sua escolha.

R - Já tem muitas empresas disponíveis para avançar no financiamento da organização do Mundial'18?
GM - Temos feito contactos, mas tivemos que aguardar a decisão sobre a escolha para os Jogos Olímpicos, além das eleições legislativas.

R - Quem se associar terá benefícios fiscais? O governo prometeu-lhe isso?
GM - Não ouvi ninguém do governo prometer nada nesse sentido.

Não à recandidatura

R - A AG da FPF não aprovou o projecto de novos estatutos, colocando o organismo à margem da Lei que obrigava a essa alteração até Julho passado. Como será ultrapassada a questão, até tendo em vista o envolvimento do Governo no projecto da candidatura ao Mundial de 2018/2022?
GM - É um assunto que está nas mãos de quem tem de o resolver. Nós preparámos durante oito meses os estatutos de acordo com a FIFA, UEFA e nova legislação portuguesa. Apresentámos a proposta antes da data limite.

R - Mas não foi aprovada...
GM - Os sócios da federação são soberanos. Espero é que tenham vindo a meditar e a trabalhar noutra proposta para que rapidamente possa cumprir aquilo que já disse que faria.

R - E que era?
GM - Não levar o mandato até ao fim. Aliás, só não vai haver agora eleições porque não há estatutos.

R - E tem alguma indicação de quando poderá haver?
GM - Não, nenhuma.

R - A FPF pode estar a viver na ilegalidade?
GM - Não sou jurista, por isso não aplico essa terminologia, mas é verdade que os estatutos não estão conforme o Regime Jurídico das Federações.

R - Isso assusta-o?
GM - Fico preocupado. Se tiver que haver eleições agora, por qualquer razão ou até por minha vontade, seriam realizadas de acordo com estatutos que não são reconhecidos nem pelo governo nem por outros agentes desportivos que a qualquer momento poderiam contestar uma decisão de um conselho disciplina ou de justiça por estarem fora da lei. A verdade é que não podemos ficar neste impasse e tenho de perceber junto dos sócios da FPF o que é que pretendem fazer.

R - Podemos ir ao Mundial sem ter Gilberto Madail como presidente da FPF?
GM - É uma hipótese. Mas o Regime Jurídico impõe que as eleições devem ser feitas até final de Julho do próximo ano, pelo que não fará sentido bater a porta e virar as costas.

R - Sairá então depois do Mundial?
GM - Como lhe disse, até pode ser antes. Não sei. Se tivesse havido a aprovação dos estatutos poderíamos ter eleições em Janeiro ou Fevereiro.

R - Não vai recandidatar-se?
GM - Não.

R - Porquê tanta determinação em sair?
GM - Por uma razão simples: estou farto! Assim como há pessoas que estão fartas de mim, eu também estou farto. Estou cansado e saturado. Quem já teve 12 anos na federação e fez aquilo que tinha para fazer, se quiserem fazer um pouco de justiça é ver o que foi feito. Recordo-me bem quando ia para congressos da FIFA e da UEFA e chegava lá e não conhecia ninguém, hoje Portugal além de conhecido é respeitado.

R - Sente-se injustiçado?
GM - Não estou a fazer queixinhas [risos]. Não amuo com as críticas, mas há críticas que doem um bocadinho mais do que outras e que são premeditadamente para magoar. Não tenho necessidade para ouvir isso e outro tipo de coisas.

R - O que o pode mudar de ideias?
GM - Nada.

R - É o fim de uma era?
GM - Sim, em princípio.

R - Tem dito, repetidas vezes, que não voltará a candidatar-se à presidente da FPF. Mas para manter os cargos que agora tem na UEFA e FIFA necessitará de estar ligado à futura direcção. Já pensou de que forma?
GM - Os que tenho atualmente terminam em 2011. Fui eleito pelas federações europeias e por nomeação na FIFA. Para pertencer ao comité executivo da uefa é preciso estar ligado à federação, mas basta ter o aval da federação. Eu apenas disse que estaria disponível para continuar.

R - E é fundamental ter um português nesses órgãos?
GM - Acho que é importante. Há muitas situações, que não posso revelar, onde a presença é determinante.

R - Pode dizer-se que Portugal tem grande poder nos órgãos internacionais?
GM - Ainda não tem o que pretendemos, mas por exemplo aumentámos o número de representantes nas comissões da uefa e da fifa.

R - Em relação ao seu sucessor, já comentou a possibilidade de ser Luis Figo. Acha que chegou a altura para ele?
GM - Será quando ele entender. Mas penso que nunca avançará enquanto a situação da FPF não estiver clarificada. O Luis Figo pela sua experiência daria um excelente presidente.

R - Já falou com ele?
GM - Ele já disse que estaria disponível quando fosse o momento adequado. Vou ver posso ajudar a arrumar a casa.

R - Hermínio Loureiro seria também uma boa solução?
GM - Sim. Está fazer um bom trabalho na Liga. Mas ser presidente de câmara não é compatível com a presidência da FPF.

Seleções jovens

R - O comportamento da seleção de sub 21 não está a ser famoso...
GM - Quando as nossas seleções jogam, temos sempre a expetativa de que as coisas corram bem. Os sub-21 começaram bem, tiveram uns percalços mas nada está perdido. É preciso acreditar.

R - Mas a reformulação foi feita na lógica de que era absolutamente necessário que Portugal voltasse a estar representado nas grandes competições nas camadas jovens.
GM - Exatamente. Mas temos que dar tempo ao tempo. Isto não é carregar num botão e, pronto, está feito. Toda a equipa técnica, particularmente o prof. Queiroz, estarão atentos à evolução e irão tomar as atitudes que acharem convenientes.

R - É no entanto fundamental voltar a por seleções jovens em fases finais, certo?
GM - Muito importante. Aliás, sempre defini nos meus programas que as seleções jovens, de sub-20 para baixo, devem estar presentes nos Europeus e Mundiais. Houve uma altura em que isso foi mais frequente, infelizmente perdeu-se um bocadinho essa embalagem.

R - Já lá não vamos desde as seleções orientadas por José Couceiro...
GM - Sim, nesse ano fomos a única federação europeia que esteve no Euro de sub 21 na Holanda e Mundial de sub 20 no Canadá.

R - Com cerca de 18 selecções em funcionamento, qual o custo global de operações deste departamento e como é suportado?
GM - Com todo o respeito, não divulgamos esses números. Digo-lhe que a única fonte de alimentação que temos para isso são os desempenhos da seleção principal, quer do encaixe direto quer de outras receitas que acarretam. Tem sido muito difícil arranjar patrocinadores para outras variantes pois a situação económica não é boa.

Sem prémio no playoff

R - Haverá por certo um prémio para os jogadores se conseguirem a qualificação.
GM - Não vamos por aí, por favor.

R - Mas pode haver um incentivo especial para esta eliminatória?
GM - Não, não. Não está previsto nenhum prémio especial. Os jogadores têm normalmente um prémio de presença quando vêm à seleção e têm um prémio em caso de vitória e só em jogos oficiais. Não há compensações em caso de empate e vitórias em jogos particulares. No final, há um prémio de qualificação. Mais nada.

Estágio por avaliar

R - O que pensa fazer no dia 19?
GM - Espero ficar muito mais tranquilo e olhar para outras situações que temos de considerar na federação. E começar a preparar com o nosso departamento desportivo, que tem sido pedra angular no sucesso das seleções, o local do estágio.

R - Já alguma câmara manifestou interesse em acolher a seleção para um estágio antes do Mundial?
GM - Em Portugal, não. Houve propostas da África do Sul e indiretamente de Angola e Moçambique. Quando estivermos no Mundial, veremos.

Liedson e outros

R - Após a polémica naturalização de Liedson pensa que deve ser estabelecido algum critério para estes processos?
GM - Temos esse critério: é o critério do bom senso. Nestes anos foram naturalizados apenas três jogadores. A FPF aliás não naturalizou ninguém, quanto muito pede para acelerar o processo. Compreendo quem se manifesta contra a utilização. Ninguém exige aos jogadores que recitem os Lusíadas para se ver se têm um grau de portugalidade profundo. Tem de haver bom senso e nós tivemo-lo sempre. Lembro que quando o Deco se naturalizou e foi chamado à seleção recebemos algumas cartas de outros jogadores, que tinham adquirido a nacionalidade portuguesa, a mostrarem-se disponíveis. E não foram chamados. Mas será cada vez mais difícil manter fechadas as fronteiras da seleção face a esta globalização.

Justiça federativa

R - Tem havido sempre uma grande diferença de prazos entre as decisões tomadas pelos órgãos disciplinares da Liga e os da FPF, nomeadamente o Conselho de Justiça. Não há nada a fazer?
GM - Não sei. Da parte do poder executivo, nada há a fazer. Há que em futuros elencos diretivos procurar pessoas que possam ter inteira disponibilidade para os conselhos jurisdicionais de forma a poder ser mais célere nas decisões. Há uma coisa que pode ser feita: a revisão geral dos regulamentos para acabar com determinados métodos processuais que atrasam desnecessariamente decisões. Há poderes que deveriam ser entregues ao executivo.

R - Disse que no final do processo do Sporting-Benfica em juniores pronunciava-se sobre o assunto... Já chegou esse dia?
GM - Ainda não. Foi um caso lamentável que muito nos penaliza. Mas queria dizer que o castigo do Conselho de Disciplina [6 jogos à porta fechada] foi duro e algo injusto. Os jovens jogadores não têm culpa do que se passou mas quem sai prejudicado são outros jovens que nem sequer estavam no campo.

Casa das seleções

R - Em Setembro de 1999 foi assinado o protocolo da Casa das Selecções com a Câmara de Sintra. Meses depois foi lançada a primeira pedra. Hoje ainda nada existe. Para quando uma solução?
GM - Posso passar essa pergunta? É difícil de responder... Estamos empenhados neste projecto há 9 anos mas deparámo-nos com situações incontroláveis, nomeadamente os vestígios arqueológicos, que fez perder 25 por cento do terreno que teve de ser recuperado.

R - Não vai resolver-se depressa?
GM - Tenho muita pena de não cumprir este objectivo, embora com a perfeita noção de que não poderíamos ter lançado esse projecto sem que tivessem sido garantidas determinadas condições.

R - Mais valia ter ido para outra solução?
GM - Temos de resolver com dignidade e sensatez a situação que temos. Depois talvez procurar outra solução ou manter esta em moldes diferentes.

Cristiano Ronaldo

R - As suspeitas sobre as razões que levaram Ronaldo a falhar o particular fizeram com que o jogador fizesse críticas directas aos responsáveis da FPF. Agora magoou-se ao serviço da seleção e não jogou pelo Real Madrid. Teme que o Real Madrid utilize algum expediente para o impedir de estar presente no playoff?
GM - Não, de todo. Quando houve aquele quiproquó por causa de gripe, além das posições assumidas por Jorge Valdano, nunca vi qualquer má vontade. Antes pelo contrário. Aliás, tenho em meu poder uma carta pessoal do presidente do Real que é esclarecedora. Qualquer jogador valoriza-se na seleção. Nesse episódio, o que contestámos foi o procedimento administrativo do Real Madrid às duas convocatórias que enviámos. Nunca pusemos em causa gripe do Ronaldo. Aliás, o próprio Real aceitou ter cometido uma indelicadeza.

R - Mas o Ronaldo reagiu mal à situação.
GM - Ele ficou um pouco indignado por pensar que alguém desconfiou de que não estava com gripe. Em relação a mim, disse que até se admirava porque o conhecia muito bem. Devo dizer que o conheço já há alguns anos e gosto muito dele. É um excelente rapaz e muito importante no seio do grupo.

R - Não receia mesmo que o Real complique a vinda de Ronaldo?
GM - Não me passa pela cabeça que ele não venha. Aliás, o treinador do Real disse que era importante para o Ronaldo jogar o playoff.
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Gilberto Madaíl: «Nunca pensei demitir Queiroz» Empty Re: Gilberto Madaíl: «Nunca pensei demitir Queiroz»

Mensagem por Chó Dom Nov 01 2009, 20:14

Quem estiver minimamente interessado em saber o que vai na cabeça do presidente da FPF.
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