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Escrituras d'um gaijo.

2 participantes

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Escrituras d'um gaijo. Empty Escrituras d'um gaijo.

Mensagem por Crazy Boy Dom Abr 18 2010, 15:17

Vulto

Estava a mão adormecida, talvez possuída pelo habitual formigueiro.
Não sei.
Aquela mão, estava completamente desligada de mim.
Não fazia parte de meu ser, não a conseguia sentir.
Era uma mão morta.
Morta o suficiente, para ir bater a uma porta.
Porta essa, que alguém abriu.
Vejo agora, mais claro que nunca, como tudo se passou:
Uma mão solitária e revigorada bate à porta e um vulto aparece. Um vulto esbelto, mas escuro. Um vulto delicado, mas escuro. Um vulto forte, mas escuro.
Um vulto forte, digo eu? Que será um vulto forte?
Não, nem eu saberei explicar com exactidão o suposto significado de minhas palavras.
Sei apenas, que era um vulto suficientemente forte, para, após abrir a porta e passar para o outro lado, a fechar até ao dia de hoje.

Para minha lamúria, era a porta de meu coração.
Porta que guardei em vão.
Se queria abrir essa Porta? Não.
Porta aberta, por um vulto desperto pela mortandade de uma mão.

Como é que o sentimento mais complexo e forte (tal como o vulto) que já alguma vez sentira, se resume a uma vaga e simples palavra: vulto.
É um vulto que julguei conhecer.
Um vulto que julguei ter.
Um vulto, revestido por uma invisível película de miragem.
Um vulto, que nunca pensei querer tanto assim.
É um vulto, só.
Sinto-me um autêntico...
Nem sei como me sentir, tenho vergonha de sentir seja o que for.
Tudo, por sentir tudo e mais algo por esse vulto.

É realmente uma viagem alucinante.
Na mais ínfima diferença de segundo; vou do topo até lá bem fundo.
Rio, Choro.
Grito, Afogo-me em silêncio.
Vivo, Morro.
O que eu acho? Ora, o que eu acho é que o vulto é “forte” demais, que tem poder em demasia.

Só descanso quando alcanço a apatia. Sentado no escuro, perco qualquer capacidade racional.
E sonho.
Sonho, perdido num mundo só meu.
Meu e do vulto!

Quem és tu, vulto?
Serei um ser assim tão reles e inferior, que me subjugo a um vulto, a uma sombra (escura e forte)?

Um clarão de luz, vinda de não sei onde, acerta não sei no que, por não sei quanto tempo.
Um clarão de nitidez, vindo de não sei onde, acerta no clarão de luz, pelo tempo suficiente.
O clarão de luz, vindo de um sol, acerta no vulto, pelo tempo suficiente.

Começo a encaixar todas as peças que me são oferecidas.
Desconfio agora, porque me “subjugo ao vulto”.
É um vulto, sim.
Mas é um vulto perfeito.
É a perfeição que jamais consegui captar vinda de qualquer outro ser ou coisa.
Tamanha beleza, tamanha simplicidade.
E no entanto, tão grande complexidade.

É um vulto estranho, incompreensível, a meu ver.
É um vulto que agarro, que se deixa agarrar; que foge.
É um vulto calmo, que me acalma; que me leva à demência.
É um vulto que me atrai; que me afasta.
É um vulto belo, que me encanta; é um vulto mesmo belo.

Calma, calma!
O vulto vai falar!
Segreda-me ao ouvido: “Eu amo-te.”

Nunca havia sentido nada, que se pudesse sequer comparar, ao que senti naquele momento.

Arrepiei todos os pelos de meu corpo.
Esbugalhei os olhos como nunca julguei conseguir.
Apertei meus punhos fechados até fazer ferida.
Sustive a respiração até não suportar mais.

Era um misto de emoções.
Misto de espantos.
Espanto raivoso; Espanto alegre.
Sentia aquela raiva, de quem tinha consciência que estava a ser enganado e que se tratava de uma “canção de embalar”, que me adormeceria até ao sono da perdição.
Mas sentia aquela alegria, de quem é amado pela pessoa que ama.
Alegria de quem tem a atenção, da pessoa que recebe mais da sua atenção.
Alegria de quem tem a sorte, de poder dar os braços com o sorriso.
Alegria de quem tem na sua mão, a corda, que liga o mundo do sonho e o mundo real.
Alegria de quem é amado pela pessoa que ama.

E como nestes casos, “o coração fala mais alto que a razão”, meu espanto alegre sobrepôs-se a tudo que se aproximava e o ameaçava de triunfar.

Agarrei o vulto, fiquei com o vulto para mim.
Deixei-me amar o vulto.

Volto ao mundo.
A apatia passou, o sonho acabou.
O vulto, desapareceu.
Já eu, ainda o amo.
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Escrituras d'um gaijo. Empty Re: Escrituras d'um gaijo.

Mensagem por Chó Dom Abr 18 2010, 20:53

Muito bom Lameirão handclap
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Mensagem por Crazy Boy Ter Abr 20 2010, 20:27

Dom

Estou perdido.
Perdido no meio de nenhures, no meio de tudo, no meio da vida.
É um leque infindável de questões, cada uma de mais árdua resposta e mais doloroso pensamento.

Dói.
Dói ouvir a parafernália de emoções guardadas em meu interior, supostamente trancadas numa alma silenciosa; expelidas sem pudor, sem sentido, sem noção, sequer.

Qual a sensação, pergunta minha voz interior, pergunta meu outro eu.
Qual a sensação de ser apelidado como “possessor de um dom”.
Um dom poético, lírico.
Com todo o prazer que conseguiria possuir lhe responderia, mas não me é permitido.
Não é que não queira, simplesmente, não me é permitido.

Um dom? Um dom?!
Dom é algo que só os afortunados possuem.
Afortunado, eu?
Só se tal se dever a… não.
Fortuna não faz parte de minha sina.
Vendo bem, não fazia.

Mas chamou por mim, e eu aceitei sua chamada.

Meu dom, se é que posso afirmar possuir algum, é escrever-te.
Meu dom, é saber como parafrasear tua beleza, tua unicidade, tua perfeição.
Cada palavra, cada sílaba, cada pausa e respiração que fazes na leitura deste bloco de texto, reflecte tudo que tu és, tudo.
Quando mais belo, quanto mais maravilhoso ou fantástico for isto, que lês; mais bela, mais maravilhosa ou fantástica é a maneira como te vejo.

Eu vejo-te, negro e escuro, é assim que eu te vejo quando olho para ti.
Contradições tomam conta de mim.

Nunca julguei a perfeição tão obscura assim.
Nunca julguei que fosse possível, minha vida ser iluminada por tão negro corpo, tão negra alma, tão negro ser.

Eu nunca julguei que ao fechar meus olhos, mergulharia neste mar de pensamentos e memórias, de tormentas agudizadas pela negridão que em minhas veias agora corre, devido a um vulto.

Um vulto. Um vulto que me faz ganhar a capacidade sobrenatural de o escrever, de o marcar.
Mas não será tão certo e exacto assim.
Este vulto, presente acima de qualquer outra coisa; presente a qualquer momento; far-me-á ajoelhar, sem o mínimo esforço.

Sem por em causa minha dignidade, minha honra.
Mas não o fará por me querer mal, acredito que não o fará por tal motivo.
Acredito que esse vulto se mostra escuro e imponente, para se abrigar. Para não se deixar apaixonar por um sonho que poderá acabar a qualquer segundo.

Mas é belo, é calmo, é sereno.
Ao longe, ele é belo, ele é calmo, o vulto é sereno.

Aproximo-me, a curiosidade não é um factor determinante, não.
Se me aproximo, é porque esta força interior me empurra vezes sem conta em direcção àquele “buraco negro” que consome todas as minhas forças, esperanças ou crenças, que consome todo meu ser.

Está sentado, o escuro vulto está sentado, só.
Sento-me, deixo-me cair em sua volta.
Permanece sentado, mas não mais só.

É incrível.
Aquela sombra insensível, começa a ganhar forma, começa a ganhar cor.

Aquele vulto misterioso por quem meu coração havia sido cativado, ganhava forma.
Ganhava a forma de minhas letras, de minhas palavras, de minhas frases.

Aquele vulto escuro tornava-se agora num suposto ideal, em algo que dava orgulho amar.

Minha mão aproxima-se da sua.
Meu olhar sobe em direcção a seu rosto.
A magnificência que ali avistava, naquela face -
Naqueles pequenos, suaves lábios; Naqueles belos, esbugalhados olhos; Naqueles longos, perfeitos cabelos – fez com que sentisse em mim algo arrojado, elaborado, complexo; e ao mesmo tempo, era tão óbvio e simples.
Era aquele ser que eu queria, era para ele que eu sempre havia vivido e lutado, percebi-o no primeiro instante.

Nossas mãos tocam-se.
Sua macia e suave pele, deixa meus dedos escorregarem até à encruzilhada dos seus…
Nossas mãos agarram-se.
Seus olhos, olham para mim, e no meio de toda aquela pureza, sorri.
Sinto um forte aperto em minha mão.
Nunca havia apertado algo com tamanha veemência, nem nunca me haviam apertado com tanta veemência assim.

Era evidente: nunca havia querido alguém, tanto assim; nunca havia sentido alguém querer-me, tanto assim.

Aproximei-me de minha musa.
Do nada, tudo mudou.

Tudo que à minha frente se estava a passar, naquele banco de pedra, naquela rua movimentada, naquela noite húmida; desvanecera em meus braços.

Meu Amor, esvoaçou.
Perdi-o.
Estou perdido de novo.

Avisto algo por fim.
Ao fundo, escondido nas entranhas de um cerrado nevoeiro, está ele: está o Vulto Negro.
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