Novo rumo?

Um sujeito vestido com calções largos, t'shirt de manga cava, penteado algo extravagante e repleto de brincos, piercings e tatuagens encontrava-se praticamente jogado numa escadaria entre 2 prédios na zona de Almada. Do seu lado direito estava um maço de cigarros e 1 grade de cerveja completamente vazia. Quem por ali passava não precisava que ninguém lhe contasse o que havia sucedido, bastava olhar para o estado do homem e as conclusões eram rapidamente tiradas. Nisto aproxima-se um senhor de idade que olha para o homem caído nas escadas. O velho balança a cabeça e dá um pequeno pontapé.

Velho: Wade? Acorda! Por amor de Deus, será que nem agora com esta oportunidade que te deram vais abrir os olhos e levantar a cabeça?

O sujeito tenta olhar para o velho porém o estado era tal que os olhos permaneceram cerrados.

Wade: (com uma voz algo distante) É a ultima vez... prometo avô

Velho: Ultima vez? Quantas vezes já ouvi isso?

Wade: Agora é a serio...

Velho: FPWR... Vais desperdiçar essa oportunidade... ESTÁ NA TUA CARA caralh*! Já não sei o que fazer contigo... já está na hora de cresceres... dá um rumo à tua vida de uma vez por todas ou serás para sempre um falhado, tal como o teu pai!

De uma hora Wade parece ganhar forças vindo do nada, ergue-se lentamente e logo em seguida agarra o avô pelos colarinhos encostando-o à parede.

Velho: Mas o que é isto? WADE?!?!

Wade: NUNCA! Mas nunca mais voltas a comparar-me aquele filha da put* que dizem ser o meu pai! Percebeste? NUNCA MAIS!

Velho: Wade... estás a magoar-me...

O neto larga o avô e deixa-se cair nos degraus da escada enquanto olhava para o vazio

Wade: Nunca serei como ele... nunca!

Espantado com a atitude do neto mas querendo aproveitar a situação, o velho destemido avança com mais algumas palavras para o seu neto

Velho: Então prova-o! Prova que não és como ele... prova que és melhor que aquele retardado!

O velho volta as costas a Wade que permanecia na mesma posição.

Passou quase uma semana desde que alguém soubera do paradeiro de Wade Deacon. Eram quase 20:00h do dia 14 quando ouve-se um ruído vindo do topo de uma rua em Almada, era Wade descendo a rua de skate, finalmente havia dado sinal de vida. No final da rua o seu avô saiu disparado do café quando um dos vizinhos gritava “É o teu neto! Ele voltou!”. Assim que Wade parou e seu avô olhou-nos nos olhos, seguiram-se uns minutos de silencio até que o neto avançou abraçando fortemente o seu avô.

Avô: Onde andaste? Estás bem? Estás magoado?

Wade: Acalma-te velho... olha para mim, não vês que estou bem?

Menos nervoso, o velho deu um passo atrás olhando o neto de cima a baixo. Wade estava mudado, tinha um ar mais limpo, mais sóbrio, nada a ver com aquele rapaz que o encostou à parede à uma semana.

Wade: Estavas certo... desculpa se te deixei preocupado mas tinha que me ausentar, parti digamos que para uma viagem espiritual...

Avô: Pensei que tivesse te perdido para sempre...

Wade: (risos) Ainda é cedo...

Avô: E a FPWR?

Wade pega no skate voltando as costas ao avô enquanto fazia um sinal positivo com o polegar. Logo em seguida o jovem atira o skate para o chão colocando-se e segue em cima dele em direcção a um penhasco. Dali conseguia ver grande parte da cidade bem como o por de sol que estava bastante brilhante. Deacon acende um cigarro enquanto erguia a cabeça em direcção ao sol mas sempre de olhos fechados.

Wade: Querias a prova? A prova terás! Muitos dos meus adversários quererão provar que conseguem X ou Y, que conseguem alcançar isto ou aquilo, que conseguem bater fulano ou cicrano... pois eu só tenho um objectivo... superar as expectativas que o me pa... errr que aquele cabrão tinha de mim! (...) E tu avô... serás a minha testemunha!

Dito isto Wade leva o cigarro à boca e deixa-se cair para trás apreciando o por do sol.