Grande incêndio na Madeira

De entre os incêndios que lavram em todo o país, a situação mais grave é vivida na Madeira, onde arderam várias habitações e alguns palheiros, existindo muitos outros em risco. Todos os bombeiros da região foram mobilizados, sobretudo para os focos de incêndio em São Gonçalo - os que inspiram maior preocupação. Há relato de seis feridos, aparentemente ligeiros.

Por volta das 22h00, o Presidente do Governo da Madeira, Alberto João Jardim, foi para São Gonçalo. Pouco antes da meia-noite Jardim anunciou que o centro de emergência regional está a ser instalado no Centro de Inspecções de Automóveis, para socorrer as vítimas dos incêndios em várias zonas da freguesia de São Gonçalo. Aos serviços de Protecção Civil, militares, segurança social, corpo médico e hospitalar, mobilizados pelo plano, junta-se amanhã um contingente de 75 sapadores vindos de Lisboa, adiantou o presidente do governo regional.

No quartel do Serviço Regional Protecção Civil a situação é acompanhada por um gabinete de crise, tendo sido accionado um plano de emergência regional que está a mobilizar todos os meios, incluindo equipas médicas e forças militares, para socorro às vítimas desta “catástrofe”.

Quase às 23h00 a zona industrial Cancela estava a ser evacuada pela Protecção Civil, segundo as televisões. E, no mesmo local, relata a Lusa, havia pessoas a correr pela estrada abaixo, fugindo das zonas de perigo, tendo-se já ouvido explosões, provavelmente de botijas de gás. Há também várias pessoas a chorar, tendando proteger as suas casas e resgatar alguns bens.

Falta de meios

Várias testemunhas que se encontram no local dizem que faltam meios para combater o incêndio. Centenas de pessoas foram já encaminhadas para abrigos improvisados. O Hospital do Funchal também já está em alerta para receber possíveis feridos.

Pouco antes da meia-noite, o ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, anunciou que iria enviar um avião C-130 com 81 homens para o arquipélago, para ajudar no combate às chamas. Colocou também à disposição da região todos os recursos da República que as autoridades madeirenses entendam ser necessários. O Ministro vai nesta quinta-feira de manhã para a Madeira.

O vice-presidente da Câmara do Funchal, Bruno Pereira, admitiu que a situação em Palheiro Ferreiro e Choupana “está muito complicada”, pelo que “todos os meios disponíveis dos bombeiros e da câmara, incluindo os autotanques da limpeza estão no local”.

O autarca, que tem o pelouro da Protecção Civil do município do Funchal, salientou que alguns dos meios das duas corporações da capital madeirense estão fora do Funchal, porque foram destacadas para ajudar noutros focos que surgiram ao longo do dia na ilha. “Estamos a tentar controlar todas as frentes, mas está muito complicado”, adiantou, admitindo que “algumas casas estão completamente destruídas, mas neste momento é impossível quantificar”.

Bruno Pereira anunciou que o Plano Municipal de Emergência foi activado cerca das 21h00 e que estão a ser convocados autocarros para transportar as pessoas daquela zona para os Viveiros onde a câmara do Funchal tem uma cantina que será disponibilizada para passar a noite. Psicólogos, assistentes sociais e funcionários da autarquia estão a ser solicitados para prestar apoio.

Zona residencial e de turistas

Uma das zonas afectadas, além de residencial, é também muito frequentada por turistas, já que tem um campo de golfe, no sítio do Lombo da Quinta. Largas dezenas de pessoas foram retiradas das respectivas habitações destruídas ou ameaças pelas chamas que fustigam o bairro habitacional de São Gonçalo, Quinta do Palheiro e campo de golfe do Palheiro, a noroeste do Funchal. Cerca de 30 turistas hospedados na Casa Velha do Palheiro foram também transferidos para outras unidades hoteleiras da cidade.

Centenas de pessoas foram retiradas das respectivas habitações destruídas ou ameaças pelas chamas que fustigam o bairro habitacional de São Gonçalo, Quinta do Palheiro e campo de golfe do Palheiro, a noroeste do Funchal. Cerca de 30 turistas hospedados na Casa Velha do Palheiro foram também transferidos para outras unidades hoteleiras da cidade.Também o director do Diário de Notícias da Madeira, citado pelo Jornal de Notícias, descrevia o cenário do incêndio de Palheiro Ferreiro (São Gonçalo) como "dantesco". "Uma frente de vários quilómetros de fogo consome a zona florestal que desce até às Neves, em São Gonçalo", descreveu Ricardo Miguel Oliveira.

Ao final do dia, apesar de os fogos não estarem controlados, o secretário do Ambiente da Madeira garantia que o pior já tinha passado. "O balanço é que, embora tenha havido um ou outro anexo que ardeu, felizmente, em termos de acidentes pessoais, casas de habitação, e o que é essencial, foi preservado", declarou Manuel António, adiantando que as diferentes autoridades vão "continuar a acompanhar a situação, tanto em termos de combate aos fogos, como de acompanhamento das famílias e empresas que estão nesta situação".

O responsável considerou ser neste momento "impossível estar a fazer um balanço sério" dos incêndios, garantindo que "tudo está a ser feito" e que vão "continuar a acompanhar a situação depois dos fogos, para fazer balanços e tomar as medidas que consideradas adequadas".

O governante também apelou às pessoas para racionalizarem o consumo de água, "porque algumas das infra-estruturas foram atingidas, designadamente a montante da Ribeira Brava e Ponta Sol, que é decisiva para abastecimento destes concelhos, mas também parte do concelho de Câmara de Lobos e a margem esquerda da Ribeira Brava".

Em comunicado distribuído nos primeiros minutos desta quinta-feira, o governo regional da Madeira informou que “todos os meios físicos e humanos estão no terreno, por forma a combater as chamas que deflagraram em vários concelhos da Região, com particular incidência no Funchal, dada a dimensão das várias frentes de fogo”.

Neste momento, “o mais importante são as pessoas e, por isso mesmo, foi montado um dispositivo para prestar todo o auxílio médico e de primeiros socorros às pessoas atingidas pelo fogo”, salientou a nota do governo.

A Segurança Social, em articulação com o Instituto de Habitação da Madeira, montou um dispositivo de apoio às populações afectadas, nomeadamente, alojamento e todo o acompanhamento necessário neste momento. Além dos meios da Região, o Governo Regional está também a contar com a colaboração da Zona Militar da Madeira, que se juntou nesta intervenção, nomeadamente no que refere a realojamentos e outros apoios logísticos.