Anonymous identifica suspeitos no caso Amanda Todd
Anonymous identifica suspeitos no caso Amanda Todd
O grupo hacker Anonymous identificou várias pessoas suspeitas de serem responsáveis pelos abusos que conduziram uma adolescente canadiana de 15 anos ao suicídio.
Amanda Todd, recorde-se, suicidou-se semanas depois de ter publicado no YouTube um vídeo a denunciar o assédio de que fora alvo durante três anos. Um pedófilo terá convencido a adolescente a mostrar os seios através da internet quando esta tinha apenas 12 anos, utilizando depois a imagem para chantagear a vítima. Amanda não cedeu, e o criminoso acabou por divulgar a fotografia por familiares, amigos, colegas de escola da jovem e por toda a internet.
O incidente destruiu a vida de Amanda, que foi ostracizada na escola e mergulhou numa profunda depressão e no abuso de álcool e drogas. A família viu-se forçada a mudar de casa várias vezes para tentar recomeçar de novo, mas a divulgação da imagem prosseguiu na internet, acompanhada de insultos e ameaças de morte. «A imagem anda por aí e nunca mais poderei recuperá-la», lamentava-se Amanda no vídeo no YouTube onde falava da «luta diária» para se «manter viva» e do peso da solidão.
A divulgação do vídeo apenas motivou novos ataques de agressores anónimos, e Amanda acabou por ser encontrada enforcada no seu quarto no dia 10, em Vancouver. Mesmo após a morte, os insultos continuaram. Houve quem se aproveitasse do caso para lançar recolhas de fundos fraudulentas e correu o rumor não confirmado da divulgação de imagens da autópsia da vítima.
O escândalo, que está a provocar um profundo debate sobre o fenómeno do «cyber-bullying», a pedofilia e sobre as regras elementares de convivência na internet no Canadá e um pouco por todo o mundo, levou o colectivo hacker Anonymous a tentar identificar e punir os agressores.
Duas pessoas são já apontadas como suspeitas de serem o autor da primeira divulgação da imagem de Amanda. Os seus nomes e endereços foram divulgados (um no Canadá, outro nos Estados Unidos) e há registo de represálias contra os suspeitos. Uma terceira pessoa nos EUA foi identificada como sendo o autor da divulgação de supostas imagens do cadáver de Amanda.
As autoridades canadianas investigam também o caso, tendo constituído uma unidade especial de 20 agentes, e apelam ao fim das iniciativas dos justiceiros e a uma torrente de rumores que está a prejudicar a busca pela verdade. «O sistema não funciona assim. Não se condenam pessoas antes de terem sido sequer acusadas. Não podemos ser juízes, júris e carrascos à frente de todos», declarou o advogado Eric Gottardi, citado pela imprensa canadiana.
Uma organização anti-pedofilia do Canadá diz ter recebido uma denúncia relativa a abusos contra Amanda há pelo menos um ano, tendo reportado o caso à polícia e à protecção de menores. Terão as autoridades e a própria família da vítima feito tudo para a proteger? Muitas perguntas continuam ainda por responder. A mãe de Amanda admite que a filha sempre precisou de atenção especial, mas afirma que os problemas psicológicos e de dependência só apareceram após os abusos online. A filha deixou um vídeo póstumo para mãe, que esta ainda não teve coragem de ver.
Portugal, segundo o Público, é um dos países europeus onde há menor risco para crianças e adolescentes na internet. Tito de Morais, responsável pelo projecto MiudosSegurosNa.net, considera o caso de Amanda Todd um exemplo extremo que foge à regra. Habitualmente, vítimas de bullying e agressores têm a mesma idade.
Ainda bem que existem certas gentes dos Anonymous que ainda lutam por aquilo que os Anonymous realmente significam.
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