Como os europeus estao a tentar abrir as portas aos refugiados
Como os europeus estao a tentar abrir as portas aos refugiados
Oliver Junk, o presidente da Câmara de Goslar, uma cidade alemã nas encostas das montanhas Harz, abriu as portas de par em par para os refugiados. “Podemos beneficiar com eles. Podem trabalhar, podem baixar a idade média da população e enriquecer a cidade culturalmente”, afirmou. “A imigração é boa para nós!”
Goslar é uma cidade de cerca de 50 mil pessoas e, como muitos outros locais na Alemanha – e por toda a Europa – está a perder habitantes. Entre 2002 e 2013, perdeu 4000 residentes. Precisa de pelo menos 200 imigrantes por ano para evitar que a população continue a diminuir.
Membro do partido da chanceler Angela Merkel, Junk recebeu em Goslar 48 refugiados no ano passado e 41 este ano – não é muito, para o que seria necessário. Mas tem havido manifestações da extrema-direita e críticas que dizem ser que está só interessado na publicidade – tornou-se conhecido em toda a Alemanha por causa desta ideia.
Goslar e o seu presidente da câmara servem no entanto de ilustração para aquilo a que a revista Spiegel chama as duas Alemanhas que neste momento estão em confronto. Uma é a das trevas, hostil ao enorme afluxo de refugiados, que fez com que pelo menos 199 centros de acolhimento tenham sido atacados este ano. A outra é a da claridade, revelada por um estudo de investigadores das universidades Humboldt de Berlim e de Oxford (Reino Unido) que concluiu que, nos últimos anos, houve um crescimento de 70% dos alemães que se voluntariam para apoiar os refugiados. Fazem-no como um acto político e não apenas humanitário, diz o Le Monde.
Podem ser pessoas comuns, como Jonas Kakoschke, de 31 anos, e Mareike Geiling, de 28, que criaram o site Refugees Welcome, que põe em contacto refugiados com pessoas dispostas a recebê-los em sua casa. Este casal vive hoje com Bakari, de 39 anos, que veio do Mali, e que estão a ajudar com as aulas de alemão, enquanto ele espera autorização para trabalhar na Alemanha, contaram ao Guardian.
O site surgiu em Berlim, mas está a suscitar interesse em vários países. Geiling e Kakoschke estão a ser contactados por pessoas de vários países que querem montar algo de semelhante – até de Portugal. São motivadas pela falta de resposta dos governos europeus, pelas imagens de pessoas fugidas da guerra e da miséria nos seus países que tentam desesperadamente chegar a um país europeu onde esperam reconstruir a vida.
No Reino Unido, o Governo de David Cameron tem-se mantido firme na intenção de fechar as portas – entre Junho de 2014 e Junho de 2015, apenas 166 refugiados sírios foram aceites por Londres, ao abrigo de um programa de recolocação de “pessoas vulneráveis”. Foi iniciado em Março de 2014, e no total, levou para o Reino Unido 216 pessoas – menos do que as necessárias para encher uma composição do metro londrinoa, notava o Washington Post.
Cameron diz que 5000 sírios obtiveram asilo no Reino Unido desde 2011, em circunstâncias normais – mas muitos já estavam a viver no país e não podiam regressar, após o início da guerra, diz o Guardian. Londres tem, no entanto, a distinção de ser o segundo maior dador bilateral de ajuda humanitária.
Apesar de o Governo tentar evitar a questão dos refugiados tanto quanto possível, várias organizações, e até mesmo comunidades, tentam ajudar. Um grupo de cidadãos de Malvern tentou trazer para esta cidade no Worcestershire uma dezena de famílias sírias, ao abrigo do programa de pessoas vulneráveis.
Mas, relata o Guardian, foram confrontados com uma torrente de burocracia e, finalmente, um “não, muito obrigado” dos serviços sociais, de educação e saúde. A sua iniciativa representaria um fardo mal visto para os contribuintes locais. “Foi um grande desapontamento”, disse Sue Wolfendale. “Tínhamos uma rede de pessoas dispostas a ajudar – para lhes ensinar inglês, para os transportar, para arranjar as casas. As pessoas querem ajudar, mas parece que só nos puseram obstáculos à frente”, contou ao diário britânico.
Em Espanha, o caminho também está cheio de dificuldades, pois o sistema de acolhimento dos migrantes entrou em colapso, devido aos cortes. Mas as suas novas presidentes de câmara de Madrid e de Barcelona, Manuela Carmena e Ada Colau, anunciaram a intenção de cooperar para acolher e apoiar refugiados.
O Governo do Partido Popular foi um dos opositores ao sistema de distribuição vinculativo de refugiados concebido pela Comissão Europeia. Aceitou apenas receber 2700 pessoas, argumentando que Espanha não deve ser mais pressionada, porque arca com os custos de defender uma das fronteiras Sul da União Europeia. Mas na segunda-feira, depois de se reunir com a chanceler Angela Merkel em Berlim, Mariano Rajoy disse que podia voltar a discutir esse número. “Mas a Comissão teria de fazer algumas coisas”, disse.
Enquanto isso não acontece, outras cidades espanholas mobilizam-se para se juntarem a Madrid e a Barcelona. O El País enumera algumas que estão a ver que se possibilidades têm de acolher imigrantes. Valência, Corunha, Pamplona, Las Palmas e Eibar (Pais Vasco) manifestaram já interesse nisso.
Acho que se pode usar este tópico para debater e publicar aqui outras noticias referentes a esta situação.
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Re: Como os europeus estao a tentar abrir as portas aos refugiados
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Re: Como os europeus estao a tentar abrir as portas aos refugiados
Resumidamente: Sim, esta´ mal. Sim, temos ca sem abrigos e pobres. Sim, sao 2 milhoes para os outros quando andamos a passar fome. Sim, deviam era fazer pressão para terminar os conflictos (e interesses). Sim, deviam era ir para os Estados Unidos que andaram por la´ a meter o bedelho. Sim para isso tudo. No final do dia não temos controlo sobre as politicas do nosso governo nem a mínima noção do que e´ viver 24/7 em pânico constante. Do trono dourado e´ fácil ser-se critico social.
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Re: Como os europeus estao a tentar abrir as portas aos refugiados
Ya, também concordo que os eternos defensores da " liberdade" deveriam intervir, até porque a UE é supostamente um aliado deles e neste momento vai ter algumas dificuldades para lidar com esta situação.
Ainda assim, acho que temos o dever de ajudar esta gente, que acaba por ter de enfrentar problemas bem mais graves que toda esta crise europeia
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Re: Como os europeus estao a tentar abrir as portas aos refugiados
Isto está muito giro.Rei AR escreveu:http://www.upworthy.com/trying-to-follow-what-is-going-on-in-syria-and-why-this-comic-will-get-you-there-in-5-minutes?g=3
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Re: Como os europeus estao a tentar abrir as portas aos refugiados
Portugal pode receber cerca de 3000 refugiados, o dobro do número previsto até agora, soube o PÚBLICO de fonte oficial. O Governo não avança ainda com nenhuma data para a chegada dos primeiros grupos.
O ministro adjunto e do Desenvolvimento, Miguel Poiares Maduro, anunciou, no final do Conselho de Ministros de ontem, a constituição de “um grupo de coordenação a nível nacional” sobre esta matéria, que reunirá já na segunda-feira. “Portugal tem, seguramente, disponibilidade para acolher um número maior de refugiados, esperando que essa mesma solidariedade e disponibilidade também exista por parte dos outros Estados europeus”, declarou. Disse também que “há dimensões da própria resposta portuguesa que estão dependentes de decisões que têm de ser adoptadas a nível comum na Europa, nomeadamente o número de refugiados que Portugal irá, em última instância, acolher”.
Pela segunda vez esta semana, o secretário-geral do PS voltou a defender uma atitude “pró-activa” de Portugal neste domínio, considerando até trazer benefícios para o país no plano demográfico e económico. E disse mais. Costa quer ver os refugiados a trabalhar nas florestas.
“Quando vejo o estado em que está a nossa floresta e vejo os proprietários e os autarcas das zonas de pinhal interior a queixarem-se de falta de mão-de-obra para a manutenção do pinhal (...) porque é que não criamos aqui uma grande oportunidade de recuperar um património que temos abandonado, uma nova oportunidade de vida para estas pessoas?”, advogou.
O PÚBLICO questionou o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) sobre a grande discussão a fazer nas instâncias europeias para solucionar o problema dos refugiados. A resposta dada é que “não é possível combater o fenómeno das migrações sem identificar e combater as suas causas”, e que “é fundamental criar mecanismos de cooperação, nomeadamente com os países de origem e de trânsito, mantendo um diálogo construtivo e consequente, por forma a atacar as fragilidades motivadoras dos processos migratórios”.
É nessa linha que o governo integra a participação do país no diálogo UE-África e o seu contributo como parceiro no chamado “processo de Rabat”, “um mecanismo flexível e dinâmico de cooperação entre os estados implicados na rota migratória da África Ocidental”. Está também prevista a realização de uma cimeira de alto nível entre a UE e os seus parceiros africanos, a realizar em La Valletta, Malta, nos dias 11 e 12 de Novembro próximo, com o intuito, de acordo com a mesma fonte, “de reforçar a cooperação com os países africanos de origem e de trânsito ao longo das rotas migratórias, que têm por destino o espaço europeu” e que encara como “um marco político na definição de soluções a médio e longo prazo”.
A eurodeputada do BE, Maria Matias, que preside à delegação dos Países do Maxereque (Síria, Líbano, Egipto e Jordânia), esteve anteontem reunida com os embaixadores da UE naqueles países “tentando encontrar uma estratégia conjunta” e “respostas de urgência e respostas de médio e longo prazo”, declarou ao PÚBLICO.
Grupo decide plano
Sobre o âmbito, dotação orçamental e amplitude em meios da estratégia nacional para a ajuda humanitária aos refugiados, fonte do MNE adianta que essa estimativa só poderá ser feita, “com rigor, depois de o grupo de coordenação concluir os seus trabalhos, uma vez que a sua missão será, precisamente, a de preparar um plano de resposta à ajuda humanitária a ser prestada por Portugal”.
Quanto à chegada dos primeiros refugiados a Portugal, a mesma fonte do ministério liderado por Rui Machete ainda não tem data prevista. “Não é possível prever a sua chegada a Portugal, nem o momento em que o respectivo processo terá início.” A justificação é que o Conselho Europeu tem de decidir como vai disciplinar “a recolocação dos requerentes de protecção internacional que se encontram na Itália e na Grécia”. Essas pessoas, adiantou, “serão acolhidas durante um período que se poderá prolongar por dois anos”.
O grupo de coordenação a nível nacional será constituído por representantes da Direcção-Geral dos Assuntos Europeus, do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (que coordenará o grupo técnico), do Instituto de Emprego e Formação Profissional, da Direcção-Geral de Saúde e da Direcção-Geral da Educação e do Alto Comissariado para as Migrações.
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Re: Como os europeus estao a tentar abrir as portas aos refugiados
Convidado- Convidado
Re: Como os europeus estao a tentar abrir as portas aos refugiados
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