Sol-de-Inverno
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Sol-de-Inverno
???: Hoje, meus irmãos e irmãs, a vida terrena ficou mais pobre sem o nosso irmão… Raul.
Eram três da tarde e o sol brilhava, apesar do frio que se sentia. O cemitério de Tomar recebe hoje mais um hóspede no seu “hotel de estadia eterna”. Várias pessoas choram a perca do seu ente querido. Umas tremem, sem saber já se é do frio se é de tristeza. Outras não demonstram grandes sentimentos mas tentam dar apoio à família e amigos. No meio, vemos um homem, com trinta e tal anos, de barba grande, cabelo igualmente comprido, de casaco de cabedal, óculos de sol, calças de ganga justas e uma blusa de malha, sendo todo o seu vestuário negro. Este estava ajoelhado perante um caixão de madeira que se encontrava em sima de uma estrutura de ferro. Este senhor, com algumas tatuagens a mostra, seja nas mãos ou no pescoço, chorava compulsivamente enquanto um padre fazia uma última oração pelo falecido. Este homem é Raul Leviátes Jr., filho do falecido, Raul Leviátes Sr.
Padre: Lembrem-se meus irmãos, todos somos pecadores. Todos temos os nossos defeitos e todos nós somos vítimas do pecado. O irmão Raul não é diferente, mas ele agora está com Deus Nosso Pai e São Pedro irá purifica-lo antes de entrar na sua casa eterna que é o céu. O irmão Raul está agora livre do pecado da terra e da carne, o pecado deste mundo que nos consome. Ele está livre e não devemos chorar pela sua partida, mas sim descansar por ele estar finalmente em paz. O senhor esteja convosco (ele está no meio de nós), Amén.
Seis homens levantam o caixão da estrutura para leva-la até ao local onde este vai ser enterrado. O caminho foi o mais longo da vida de Raul, que também transportava o caixão. Carregar o pai sempre foi um dos seus desejos, mas este nunca pensou que lhe fosse custar tanto. Este escorria lagrimas de uma forma desidratante para o corpo humano. Desde que recebeu a noticia de que seu pai tinha falecido, este tem estado inconsolável, mas mesmo assim, com as poucas forças que lhe restam depois de dois dias de velório e sem dormir ou comer, este carrega seu pai. Finalmente, depois de andarem uns longínquos cinquenta ou sessenta metros, eles pousam o caixão na terra ao lado de uma cova. Os coveiros, lá com os seus mecanismos, conseguem por o caixão no fundo do buraco e começam a tapar este com terra. Raul desaba e quer se jogar, partir com o pai, mas alguém agarra este e leva-o para longe de todo aquele cenário. Um amigo carrega o corpo sem forças de Raul e senta-o numa cadeira velha, de maneira a que este pudesse descansar um bocado e recompor-se.
Raul: Meu pai partiu… e só tu podes saber como eu me sinto. Só teu meu irmão, é que sabes como eu me sinto porque, mesmo ele não sendo teu pai, amava-te como um filho… não é, Diogo?
Diogo: É pois mano. O teu pai tirou-me da miséria pela qual tu estás a passar neste momento. Tirou-me da amargura pela qual passava quando meu tio faleceu e deu-me uma nova oportunidade. Devo-lhe tudo Raul, tudo. Mas tu tens que continuar a lutar. A lutar por ele, pela tua mãe e, principalmente, por ti. Como o padre disse, choramos pela sua ausência mas descansemos pois ele está em paz.
Um ano depois…
Diogo: Bora pessoal! Faltam 20 segundos, não desiste! Não desiste!
Diogo Lourenço, o grande amigo de Raul Leviátes Jr. e ex-campeão da Vanguarda, estava no “Retiro dos Caçadores” a dar mais um treino de Wrestling a um grupo de pessoas. Algumas caras conhecidas estão presentes, como o “Negro”, homem que limpou o chão com a cara de Diogo quando este começou a lutar, mas sobretudo caras novas vão aparecendo todas as semanas para treinar este desporto que volta a conquistar cada vez mais seguidores em Portugal. Uma cara “nova” aparece no “Retiro”, mas uma cara conhecida de Diogo, bem conhecida alias.
??? (aproximando-se do ringue): Sabes, dizem que quem não sabe fazer, ensina. É por isso que dedicaste-te a treinar aspirantes a Wrestlers, Diogo?
Diogo olha e fica espantado mas ao mesmo tempo, confortado. Ele não esperava visitas, muito menos de um astro do wrestling internacional como Raul Leviátes Jr.
Diogo (Sendo sarcástico): Olha quem é ele. Se não é a grande estrela da Europa, Raul Leviátes Jr. A que devo a honra da sua visita, senhor?
Raul (com um sorriso na cara): Muita piada. Mas tu sabes que dia é hoje certo?
Diogo (agora mais sério e pensativo): Infelizmente sei… faz hoje um ano desde aquele maldito dia…
Enquanto os dois lutadores falam, os vários alunos presentes ficam a olhar espantados por verem dois dos wrestlers europeus de maior qualidade no mesmo local, a darem-se bem. Um “Dream Match” na mente de muitos.
Raul: Pois bem. Como hoje faz um ano que o meu pai, e o teu mentor, faleceu, achei por bem vir celebrar contigo.
Diogo (desconfiado): Celebrar? O aniversário de uma morte? Eu sei que tu tens esse ar todo demoníaco e tal, mas converteste-te ao satanismo ou assim?
Raul: Como sempre, és muito engraçado. Não, quero celebrar a vida que o meu pai teve. Por isso, vamos dai beber qualquer coisa enquanto falamos de… outros assuntos.
Diogo: Oh… outros assuntos. Já percebi tudo. (Agora falando para os seus alunos) Ok, pessoal. A aula por hoje acabou. Espero que tenham gostado e para a semana há mais! Movam esses rabos gordos do meu ringue já!
Diogo espera que o ginásio esteja vazio e vai buscar duas cadeiras e uma mesa, colocando-as no ringue. Este e Raul ficam agora próximos um do outro e dão um abraço caloroso. Diogo ainda está com o fato de treino suado, algo que Raul não se importa. Já este está vestido todo de preto, com casaco de cabedal, blusa de malha, calças justas e botas. Este retira o casaco e coloca-o na cadeira, arregaçando as mangas devido ao calor que está dentro do ginásio. Os dois sentam-se em frente um do outro e Raul retira de um saco que trazia, uma garrafa de um Uísque velho e dois copos.
Diogo: Não é por me embebedares que vais conseguir fazer com que eu te de as informações preciosas que achas que eu tenho.
Raul: Eu não acho que tu tens nada. Apenas quero saber algumas coisas sobre… um par de pessoas.
Diogo: Deixa-me adivinhar. Uma delas chama-se Eugénio Costa?
Raul: Já conheces-me bem demais. Ele disse-te algo?
Diogo: Talvez. E eu talvez tenha recusado.
Raul: Percebi logo que sim. Para o teu nome não ter estado em todos os jornais e revistas desportivas junto aos Gantes e Coelhos deste Portugal. Mas posso saber o porque de teres recusado participar no evento?
Diogo: Sabes Raul, muita coisa muda em um ano. Tu subiste ao topo do Wrestling Europeu, já eu… voltei a estudar.
Raul (rindo-se): O que? Tu? O Diogo Lourenço que deixou a escola para aprender como se fazia clotheslines e slams? Então mas o que é que te deu?
Diogo: Não sei. Senti a necessidade de acabar a escola, tirar um curso, formar-me, sabes? Desde que o teu pai faleceu que ando a pensar nisto. Ele dizia-me sempre: “Isto é bom enquanto dura, porque a partir dos 40 anos já não lutas um chavo e só te vais arrastar pelo o ringue. A única coisa que vais tirar disto são as dores de costas e joelhos para o resto da vida!” E ele tem razão. Por isso, vou formar-me e fazer o que eu gosto mais sem ser o Wrestling. Vou tirar Psicologia e trabalhar nesse área.
Raul: Muito bem. Gosto da ideia sim senhor. Mas acho curioso o meu pai dizer-te isso, visto que foi ele que me meteu nesta vida.
Diogo (sendo sarcástico): Ele apenas soube ver que eu era bem mais inteligente do que tu e que não deveria desperdiçar o meu incrível cérebro neste desporto.
Raul: Isso, continua com as piadas. Pode ser que te arranque a cabeça ao pontapé como faço a maior parte dos tipos que entra comigo em ringue.
Diogo: Ui! Cuidado com o homem que ele é perigoso! Mas continuando com a conversa, quem era a outra pessoa de quem me querias falar?
Raul: Bem… também se chama Diogo. E acho que deve ter a tua idade, por acaso. Chama-se Diogo Oliveira. Sabes alguma coisa sobre ele?
Diogo: Diogo Oliveira… esse nome não me é estranho… isso não é o puto que vai participar no evento da FPW?
Raul: É sim senhor. Vejo que andas a trabalhar na memória, a escola anda-te a fazer bem.
Diogo: Não sei… talvez saiba alguma coisa. Talvez precise de algo para avivar a memória…
Raul percebe onde a conversa de Diogo vai. Este abre a garrafa de Uísque que tinha trazido, tira dois copos do saco e coloca-os em cima da mesa. Raul vasa meio copo do velho e dá um deles a Lourenço, metendo o outro a boca e bebendo-o todo de seguida. Diogo fica algo espantado a olhar para ele e com a rapidez com que este bebeu o uísque.
Raul (limpando o seu bigode, onde ficaram restos de bebida): Era isto que querias não é?
Diogo: Calma rapaz, estava a brincar. Sabes que eu ia dizer-te o que sei, não é preciso embebedares-nos só por causa disso.
Raul: Eu? Bêbado? Desenvolvi tolerância ao Álcool à muito tempo, meu amigo.
Diogo: Mas o teu gosto por ele é maior que a tolerância.
Raul: Também é verdade, foi uma das coisas que herdei do meu pai. Mas agora, vais dizer-me o que sabes ou queres beber meia garrafa primeiro?
Diogo (tentando recordar tudo o que sabia): Bem, não sei muito. Quando o Eugénio falou comigo sobre a participação no evento, eu disse-lhe que não podia. Que a minha academia de wrestling e a escola ocupavam-me o tempo todo e não tinha como me preparar para o evento a tempo. Então ele perguntou-me se eu estava mesmo a dar aulas de wrestling e pediu-me para que se um tal de Diogo Oliveira aparece-se no meu centro de treinos a pedir para ter aulas de Wrestling, que avisasse-lhe logo de seguida. Se o fizesse, ele ficava-me a dever um favor. Mas qual é o teu interesse no miúdo mesmo?
Raul (dizendo isto com nojo e desprezo): Tu sabes o quanto eu gosto do Eugénio. Sabes bem que se ele não tivesse levado a companhia à ruina, eu tinha conquistado o titulo da FPW nos meses a seguir. Estava quase lá e aquele pulha roubou tudo o que pode e mandou a companhia a baixo. A única coisa que está na mente daquele homem é o dinheiro, os seus interesses e a ganancia.
Diogo: Então porque é que aceitas-te lutar no FPW?
Raul (batendo com a mão na mesa e aumentando a intensidade da voz): Porque quero fazer aquilo que nunca fiz. Quero chegar ao topo da montanha e quero provar que estou no topo do Wrestling Português, há muito tempo. Quero ganhar o Titulo da FPW!
Diogo: Ok… mas o que raio é que o Oliveira tem a ver com isso?
Raul (agora mais calmo): O puto? É apenas uma forma de provar o quão sujo o Eugénio é. Eu sei que tem que haver alguma coisa que tenha feito o Costa andar atrás do miúdo e mete-lo no evento, mesmo ele tendo zero de expriencia. Quero saber o que é e expor o gajo.
Diogo: Acho que sei de alguém que te possa ajudar.
Raul: Ai sabes? Quem?
Diogo(encostando-se para trás na cadeira e com um sorriso matreiro): Epá… eu até dizia… mas o meu copo já está vazio outra vez…
Os dois ficam a rir. Os dois companheiros, amigos, irmãos, bebem durante mais um pouco para relembrarem tudo aquilo que passaram no ultimo ano… um ano de tristeza, alegria, raiva, dor, ambição e coragem. Um ano que mudou as vidas de ambos e que tem que terminar da melhor forma possível: Sucesso!
CChris- TNA X Division Champion
- Número de Mensagens : 5734
Idade : 28
Localização : Monte Gordo, Algarve
Emprego/lazer : Estudante
Data de inscrição : 30/06/2014
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