Estou sim, felicidade?

Zezé acaba o treino e é chamado ao confessionário. Chegando lá, senta-se na poltrona e repara no telefone do seu lado direito. Esboça um grande sorriso, antevendo o que aí vem.

Unas: Como sabe, aqui no Wrestling For Real não falhamos com a nossa palavra e está na hora da sua recompensa. Apoveite bem, José.



Não dando tempo para que tocasse mais que uma vez, Zezé pega de imediato no auscultador.

Zezé: Estou, Ritinha, como estás?
Rita: Estou bem, Zezé, e tu? Vi que já passaste por momentos complicados.
Zezé: Sim, não tem sido fácil, já estive quase a perder a cabeça, e sabes que eu o detesto, mas neste momento isso não interessa, quero aproveitar o momento com boas energias.
Rita: Sim, esta conversa tem que ser só coisas boa-onda. Porque me escolheste a mim e não aos teus pais, por exemplo?
Zezé: Não me perguntes porquê, mas precisava de ouvir a tua voz... Fazes-me falta.
Rita: Tonto, também preciso de ti cá fora, mas quero que aguentes aí até ao final, quero-te ver ganhar isso.
Zezé: Depois desta conversa, não duvides que as minhas forças e dedicação são redobradas.
Rita: Espero mesmo que sim. Que achas do pessoal aí da casa?
Zezé: Por incrível que pareça, em duas semanas, ainda não consegui perceber muito bem todos os irmãos, mas tenho grande admiração pelo irmão José Pinhalves e criei uma ligação com a irmã Olga. Os menos agradáveis, prefiro não falar.
Rita: A sério? Que bom que estás a conseguir fazer amigos.
Zezé: Sabes? Acho que foi mais que isso. Por momentos, cheguei a duvidar se não estaria a nascer algo mais profundo.

Após uns segundos de silêncio, Rita responde:

Rita: Isso seria muito bom, tu mereces ser feliz e se a irmã Olga for capaz disso, já tem a minha admiração.
Zezé: Não, não será. Esta conversa, o som da tua voz, fez-me ter a certeza do que sinto, e tu sabe-lo, já to disse. A Casa pode-nos confundir de quando em vez, mas agora tenho a certeza.
Rita: Não digas isso, não negues à partida algo que desconheces. Tal como eu nunca te neguei que um dia tu e eu poderemos passar a nós, não acho que te devas fechar à Olga. Pensa nos bons momentos que passaste com ela, no que te fez ter dúvidas e encontrarás a resposta.

Desta vez, o silêncio é do Maiato.

Rita: Então, Zezé?
Zezé: Pois, não sei, és capaz de ter razão. Não vou negar que poderia acontecer, mas o que sinto por ti é mais forte que aquilo que alguma vez senti, não me parece que venha a acontecer.
Rita: Eu sei, mas sabes que não mandamos no coração, e o meu não está preparado, infelizmente, pois acho que seria perfeito. Espero que encontres na Olga o que eu seria incapaz de te dar.
Zezé: Não quero pensar nisso, sabes? O que será, será. Conta-me mais: como estão as coisas aí fora?
Rita: Não posso contar muito, vocês têm que ficar isolados do mundo exterior, contar-te algo só te prejudicaria, mas está tudo bem connosco e estamos a torcer por ti.

Unas: Desculpem, meninos, mas o vosso tempo acabou. Despeçam-se e terminem a chamada, lamento.

Rita: Bem, Zezé, um beijinho dos teus pais, irmã e cunhado e um beijinho especial meu. Boa sorte, estamos a torcer por ti.
Zezé: Obrigado. Um beijinho enorme para todos, estou com saudades vossas. Beijo grande, adorei ouvir a tua voz. Até já.

Zezé desliga a chamada e, após uns segundos a olhar o infinito, levanta-se e, com um grande sorriso nos lábios, abandona o confessionário.