Portugal

A Seleção Nacional pode vir a realizar boa parte do trabalho de preparação para o Mundial à porta fechada, mas foi o próprio Carlos Queiroz a revelar um dos possíveis "segredos" - em caso de necessidade, o papel de 10 da equipa portuguesa poderá ser desempenhado por Simão Sabrosa. E este não hesita a mostrar disponibilidade: "É uma posição em que adoro jogar."

O tema foi abordado pelo selecionador nacional na primeira conferência de imprensa, deixando entender que um eventual impedimento de Deco será colmatado por Simão ou até Danny, mas sublinhando que no último jogo de preparação, frente à China, fizera já o teste com o extremo do At. Madrid.

Aos 30 anos, e já no seu 11.º ano ao serviço da Seleção Nacional, Simão é um jogador capaz de desempenhar várias funções no ataque. De preferência nos flancos, mas também na marcação de livres e como apoiante direto ao ponta-de-lança atuando nas suas costas. É um n.º 11 com nota 10. A posição de criador de jogo ofensivo no centro do terreno não é estranha a Simão, pois já a desempenhou no Benfica e por várias vezes. No período em que esteve ao serviço do clube da Luz (entre 2001 e 2007), foi precisamente na última temporada que foi chamado várias vezes a fazer o lugar para agrado de Fernando Santos.

Mais livre. "É, realmente, uma posição em que adoro jogar", confessou Simão a Record desde Madrid. "Posso dizer que me sinto mais livre a jogar ali, porque posso descair para ambos os flancos e assistir melhor os avançados. Por outro lado, também estou mais perto da baliza e dessa forma também posso tentar o remate ao golo mais vezes."

E Simão recordou a experiência no Benfica, em 2006/07. "Fernando Santos deu-me essa liberdade e fiz uma época fantástica em todos os aspetos. Jogar a 10 também me ajudou a crescer como futebolista. Se for necessário, é claro que farei o lugar com todo o prazer na Seleção Nacional", sublinhou o internacional português.

Nessa temporada, Simão jogou a 10 em dois jogos importantes: frente ao FC Porto, na discussão do título, ficando Rui Costa fora da equipa, e frente ao Espanyol, desta vez com Rui Costa na esquerda. Na Seleção, Queiroz poderá usá-lo em qualquer dos sistemas, em 4x4x2 ou 4x3x3.

Carlos Queiroz reconheceu que o facto de ter sido seleccionador da África do Sul faz com que tenha profundos conhecimentos sobre a região. O técnico revelou que, desse modo, tem tentado criar as «melhores condições» para que os seus jogadores «ganhem jogos».

«Acho que está tudo reflectido na abordagem que tenho colocado dentro e fora do campo. Conhecimento também presente na minha equipa técnica, que competiu naquele continente. Pelo que tenho tentado transportar essa experiência para os treinos e criar as melhores condições para que os jogadores ganhem jogos», afirmou Carlos Queiroz.

O seleccionador também revelou como tem sido o programa da Selecção: «O trabalho tem vindo a concentrar-se em melhorar a condição física. Temos também tido preocupações individuais e trabalhado nas funções específicas onde penso que vão dar contributo à Selecção. No ginásio temos trabalhado para prevenir possíveis lesões.»

Sobre a ansiedade que Nani revelou, na segunda-feira, Carlos Queiroz referiu que é normal: «A ansiedade presente nos jogadores que já estão no estágio reflecte o espírito de solidariedade, amizade e euforia quando estão juntos. Depois, o jogo com a China já foi há muito tempo.»