A história da TNA em 10 combates (#10 - AJ Styles vs. Magnus)

Tal como Kurt Angle, a novidade da presença de Hulk Hogan na TNA já estava esgotada passado um ano e meio da sua estreia. O Bound For Glory 2011 foi o segundo combate de Hogan na TNA (tecnicamente é o terceiro, porque no dia 8 de Março de 2010 o seu combate viria a ser recomeçado), defrontando Sting numa desforra do maior combate da história da WCW. Um combate que a TNA construiu desde que Sting se virou contra Hogan no show de 8 de Março referido anteriormente. Dois dos maiores nomes da história do wrestling finalmente frente-a-frente após mais de um ano de antecipação e... ninguém quis saber. Qualquer efeito positivo da presença de Hogan já tinha desaparecido e a TNA parecia estar pior do que estava antes de o contratarem.

Este combate foi surpreendentemente razoável e o público foi ao rubro com um pouco da magia de Hulk Hogan quando este fez o seu face-turn ao ajudar Sting a combater os seus rivais dos Immortal, mas nada disso acabou por ser relevante. Na promoção do evento, Bobby Roode - o vencedor da Bound For Glory Series 2011 e que estaria envolvido no maior combate da sua carreira - viu-se ofuscado por Hulk. Hogan continuava a ser a estrela do show, apesar da TNA estar no processo de tentar criar um novo babyface de topo. Hogan simplesmente roubou toda a atenção para si próprio, deixando apenas os restos para todos os outros.

TNA Bound For Glory 2011 - 16 de Outubro de 2011
Sting vs. Hulk Hogan

A TNA teve um certo renascimento a nível criativo em 2012. Bobby Roode, Austin Aries e Bully Ray estavam a emergir como novos main-eventers. Samoa Joe & Magnus e os Bad Influence iam dominando a divisão de Tag Team. Um renovado Jeff Hardy estava a ter um dos melhores anos da sua carreira enquanto AJ Styles e Kurt Angle continuavam a ser extremamente consistentes. Pela primeira vez em imenso tempo, parecia que a TNA estava no bom caminho. Os shows eram bons, os PPVs eram bastante sólidos, fazendo lembrar 2005 e 2006 e os públicos da Impact Zone estavam bastante quentes durante este Verão. Mesmo palhaçadas como um inexplicável push a Garett Bischoff e a história de Claire Lynch (felizmente acompanhada por bons combates e grandes prestações de Kazarian e Christopher Daniels) não era suficientes para mandar o produto abaixo.

Mas isto não iria durar assim tanto tempo, já que os Aces & Eights tornaram-se num buraco negro que sugava todo o ímpeto existente e a companhia viu se novamente num período não tão positivo. Mas o destaque deste período foi a elevação de Austin Aries a TNA World Heavyweight Champion. Conquistando um contrato um ano anos num fantástico Four Way Match (incluíndo Low Ki, Zema Ion e Jack Evans), Aries passou grande parte desse ano a carregar a X-Division nas suas costas e a elevá-la consigo. Ele estava quase sempre no melhor combate dos shows, raramente perdia e conquistou vitórias contra Samoa Joe e Bully Ray que lhe deram bastante credibilidade, colocando-o numa posição em que podia desafiar Bobby Roode pelo TNA World Championship.

A execução deste combate foi de génio, sendo difícil fazer um melhor trabalho se quisessem. Aries derrotou Roode num excelente combate em que se criou um ambiente digno de um grande momento. Aries veio do fundo ao topo em exatamente um ano. Infelizmente, o seu reinado foi misturado com a presença sem sentido dos Aces & Eights e todo o ímpeto que ele conquistou durante um ano foi rapidamente diminuíndo e a TNA sentiu a necessidade de lhe fazer um heel-turn antes do seu combate no Bound For Glory frente a Jeff Hardy. Aries não tem sido bem utilizado desde aí. Apesar de no longo prazo o resultado não ter sido o melhor, este combate prova que a TNA consegue fazer coisas muito positivas quando querem.

TNA Destination X 2012 - 8 de Julho de 2012
TNA World Heavyweight Championship
Bobby Roode (c) vs. Austin Aries

A significância deste combate parece tornar-se cada vez maior com o passar do tempo. À primeira vista, meramente mostra alguns dos defeitos da TNA ao longo da sua história. Com um conjunto de interferências exagerado, quase chegando a ser ridículo, o que podia ter sido um excelente combate foi simplesmente uma oportunidade desperdiçada. Mas o que tornou este combate mais notável é o facto de ter sido o último de AJ Styles na companhia. AJ foi sempre um homem com quem a TNA podia contar. Independentemente de quão más as coisas estavam, AJ era sempre um dos pilares a quem a TNA podia recorrer para qualquer papel. Mas agora não há mais AJ Styles. Um homem que era quase sinónimo de TNA, considerado a cara da companhia, tinha desaparecido.

O que é que isto nos diz sobre a marca? A pessoa que o público mais associava à marca TNA achou não valer mais a pena continuar na empresa a ganhar menos e optou por lutar noutras companhias. Isso acabou por ser um excelente negócio para AJ, que teve um 2014 tremendo. No entanto, a TNA nunca mais foi a mesma. Perder Hogan, RVD ou Sting era algo que se sabia que iriam eventualmente acontecer. Mas perder AJ Styles parecia, a certa altura, quase impensável. A TNA sem AJ Styles seria uma marca em decadência. Isso deveria ter sido uma chamada à Terra para o facto de que algo tinha que mudar, os problemas históricos da empresa precisavam de ser resolvidos e a companhia precisava de olhar duramente para o passado e aprender com os erros feitos. Mas essas mudanças nunca vieram, e basta ver o que aconteceu à TNA desde aí.

Impact Wrestling - 9 de Janeiro de 2014
TNA World Heavyweight Championship
AJ Styles vs. Magnus