*nome original para um booking* (FPW #2 – "Arts vs. Jeks" 1/2)

FPW #1 – "Um início aparentemente igual a todos os outros" 1/2

- O show inicia-se com uma sessão de pirotecnia razoavelmente sofisticada, à medida que aproximadamente nove centenas de fãs soltam uma ligeira excitação e a expectativa paira no ar. Instantes após, um homem bem vestido, embora não muito formal, fisicamente banal e com uma postura bem vertical, fez a sua caminhada até ao ringue que se encontrava naturalmente localizado no centro do complexo, pedindo, no percurso, duma forma educada, um microfone a um dos dois assistentes que rodeavam o ringue. Já com o microfone na mão, elevou este até à boca e esboçou um gesticular de lábios mas subitamente - parou. Voltou a tornar o braço com o microfone para baixo e girou em torno do ringue em passos pequenos, dando uma miragem geral por toda a plateia, mantendo sempre uma elegância indiscutível. A impaciência, entretanto, começou a tomar conta dos fãs e isso evidenciou-se pelo burburinho cada vez mais sonoro proveniente das bancadas. Aí, como quem já estava à espera de determinadas condições para dar início ao seu discurso, o homem retomou o gesto anterior e consumou-o. Num tom de voz grave e num ritmo pausado, começou, como não poderia deixar de ser, por dar as boas-vindas a todas as pessoas que saíram do conforto das suas casas para presenciar um espectáculo que decerto iriam «apreciar bastante». Prosseguiu, referindo as suas funções naquela promotora, esclarecendo que seriam – como provavelmente já se supunha – as de General Manager. Não se querendo alongar muito, referiu ainda que ser GM duma companhia e – principalmente – duma companhia como esta, foi sempre a sua grande meta de vida e que aquele ringue que de momento estava a pisar era o seu «ringue de sonho», pretendo ficar a comandar aquela empresa durante uns dez-quinze anos se Deus e um multimilionário russo quiserem». A plateia foi bem receptiva à piada contida nesta última afirmação propositada e o homem, percebendo que começara a ganhar alguma empatia dos fãs, pôs-se mais à vontade, desapertando o botão superior da camisa branca que trazia vestida e alargando a gola da mesma. Num tom de finalização, acrescentou que não revelaria o seu nome, pois segundo ele – «era completamente dispensável» e queria apenas que se referissem a ele como «o GM do FPW». Reforçou mais uma vez a ideia de boas-vindas e abandonou o ringue com uma expressão de dever cumprido patente na face.

- Seguiu-se a apresentação dos comentadores do FPW, a saber: Cláudio e Prophet. Mais uma vez, foi sublinhada a promessa dum bom show, desta vez pelos dois comentadores que estranhamente não pareciam ter muita afinidade um com o outro.

1. DiogoAz vs. Otaner
- O combate que estreou as cordas do FPW opôs DiogoAz a Otaner, duas jovens promessas desta companhia que se debateram de igual para igual e deixaram tudo o que tinham e quiçá o que até não tinham. O que é certo é que ambos perceberam a importância de marcar aquele tal impacto inicial e isso foi motivo o suficiente para uma acção veloz e frenética, muito por culpa do grande atletismo apresentando pelos dois. A rondar os dez minutos de combate, começou a ser bem explícito o desgaste físico em cada um, o que favoreceu um abaixamento do ritmo do combate que teve como pico uma contagem até dez pelo o árbitro quando estes se encontravam completamente estendidos do tapete após um double crossbody, tendo a contenda chegado ao fim com um empate. Todavia, Cláudio recebeu um e-mail no seu iPad no qual a sua mãe informava que iria sair mais tarde do emprego e que por isso mesmo o jantar já estava pronto quando este chegasse a casa, era só meter no microondas. O que também ocorreu nesse preciso momento foi o surgimento do GM do FPW no titron da arena a informar que a sua função ali era dar às pessoas aquilo que estas pretendiam e, como tal, iria permitir que o combate continuasse assim que os dois participantes já estivessem recompostos, pois não iria permitir que no primeiro combate do FPW não houvesse um vencedor. Assim foi. Quatro minutos foi o suficiente para o combate conhecer um desfecho. Após DiogoAz reverter um roll-up num Boston Crab, Otaner não conseguiu aguentar mais e desistiu. No fim, os dois mostraram respeito mútuo ao cumprimentarem-se.

- As câmaras seguem agora para os bastidores e lá encontra-se Eira à procura apressadamente dos seus óculos (acabando por os encontrar no bolso esquerdo das calças e pondo-os na cara ) e retira um papel do bolso contrário. Antes de sequer apresentar-se refere que está ali na qualidade de entrevistador, contudo, excepcionalmente, visto que Fábio – detentor de tal cargo – por motivos pessoais desconhecidos, não pode estar presente. Ao seu lado surge de imediato Jekod na qualidade de entrevistado. Face a inúmeras perguntas clichés que caem maioritariamente na redundância, a palavra de ordem no vocábulo de Jekod foi confiança e trabalho, afirmando por último: «em pouco tempo serei uma das principais figuras do FPW».

????: Tu és parvo.

Ouvem-se gradualmente os passos de alguém.

Arts: "Pouco tempo", humm. O mesmo "pouco tempo" que leva o Benfica – com estrangeiros a dar com um pau – a voltar a conquistar um campeonato nacional de futebol após ganhar um? Sou capaz de ter uma boa ideia.

Jekod: Nem por isso. Sabes, é mais o pouco tempo que leva o Sporting a anunciar uma nova contratação após ter anunciado uma outra. O que é curioso - e vai-se lá saber o porquê - é que todas elas são made not in Portugal.

Arts: Continuas a ser parvo. Não podes olhar só para o presente and that's it. Além disso, o Sporting pode contratar os jogadores estrangeiros que quiser que vai continuar a ser o clube internacional português com mais jogadores portugueses no plantel e a fazê-los e a fazê-los bem. Mas ya, já verifiquei - como já antevia - que a tua noção de tempo está um pouco destrambelhada.

Jekod: Ok. Já vi que tu entendes bastante do "tempo" e cenas. Já agora, se não te importas, esclarece-me lá em que tempo é que isto acontece…

- Basicamente, Jekod dá um bofetão na cara de Arts que vai ao chão mas que riposta imediatamente com um spear à queima-roupa em Jekod e entretanto os dois já estão engalfinhados no chão. Eira ainda os tenta separar, mas acaba na confusão por levar com um pontapé no focinho e adeus óculos. Poucos segundos depois aparecem cerca de seis seguranças para os separar e conseguem-no com relativo sucesso, embora com algumas dificuldades comuns a todas as brawls.


2. PM Rock vs. Purito
- No segundo combate da noite, tivemos, ao contrário do combate anterior, dois indivíduos bastante distintos. Purito, de grande estatura e com um corpo musculado e seco, dominou a contenda por completo frente a um PM Rock de um 1.70 e poucos que fez frequentemente recurso a tácticas manhosas (desqualificações por Count Out, etc) para levar de vencido o combate, mas tal não foi nem de perto nem de longe suficiente para o efeito e Purito acabou por vencer com um Alabama Slam cujo impacto impressionou e de que maneira o público.

- No ringue temos um indivíduo que dá pelo nome de Priceless, ou Tigas, ou Double J, ou Mr Who, ou whatever. Pah, que mania de mudar de nick de x em x meses. Só por causa das tosses, aqui vai-se chamar Jerónimo. Como estava a narrar, no ringue encontra-se Jerónimo de micro na mão, aguardando calmamente que o público se acalme. Assim que os ânimos ficaram moderadamente mais calmos, Jerónimo fez uma promo onde se apresentou e fez questão de vincar bem o significado que o wrestling tem para si. Mencionou algumas lendas do wrestling com as quais se inspirou na sua carreira, os seus combates preferidos de todo o sempre, enfim, os grandes momentos que viveu enquanto fã de wrestling! Mas a conversa não ficaria por aqui. Logo depois, entrando para o capítulo da sua vida particular, falou acerca das dificuldades que teve para chegar aonde chegou, dos sacrifícios imagináveis e inimagináveis que teve de enfrentar, o quanto a sua avó foi importante para que a janela do seu sonho se abrisse, ela que todos os fins-de-semana o levava ao wrestling e fazia aquelas sandes deliciosas de atum para levar e comer lá, mas, infelizmente, a sua avó já não se encontrava viva e consequentemente nunca o poderia ver a singrar nesta federação, nunca poderia ver o consumar do seu sonho! (isto tudo já numa choradeira de meter inveja a qualquer realizador duma novela da TVI). Os fãs, encontrando-se já bastante comovidos (alguns até já também a chorar), começaram a bater palmas e entoar com ternura o nome de Jerónimo que retribuiu o gesto repetindo "obrigado" uma dezena de vezes. Até que chega um momento em que surge Adam Puck que caminhou sem demoras em direcção ao ringue. Com um ar ligeiramente abatido - pressupõe-se que seja o facto de estar igualmente comovido pelo discurso de Jerónimo -, Adam referiu que ouviu tudo o que este último disse e que ganhou quase que instantaneamente um respeito enorme por Jerónimo. Referiu depois que também ele amava este negócio como ninguém e propôs sem demoras um combate entre os dois já ali, naquele preciso momento, para que os dois mostrassem a todas as pessoas ali presentes o quão o wrestling interessa para eles, ao que a plateia reagiu com grande entusiasmo. No entanto, contrário ao que se havia de esperar, Jerónimo recusou a proposta, não sem antes agradecer do fundo do seu coração, diga-se, justificando-se pelo facto de naquele preciso dia estar com uma terrível dor de barriga e que, por ordem específica do seu médico, não poderia competir, ainda que essa não fosse essa a sua vontade. Adam, embora um pouco desiludido, compreendeu perfeitamente a decisão de Jerónimo e acrescentou somente que quando este estivesse em condições de competir, era só ir ter consigo e ambos teriam o tal combate de sonho, ao que Jerónimo respondeu com um "sem dúvida" um quanto ou nada tremido, possivelmente das dores horríveis que estava a sentir, eh, provavelmente.

(continua...)